Arte e estética
O Inventário do Patrimônio Urbano e Cultural de Belo Horizonte - uma experiência metodológica
O trabalho parte da ampliação que os conceitos de patrimônio arquitetônico e cultural sofrem ao longo do século XX, mostrando como esses passam de concepções restritas e delimitadas, par auma concepção contemporânea que tende a abranger a cultura como um todo, enquadrando-a em seu aspecto processual e dinâmico. No que se refer ao patrimônio arquitetônico, vemos um afastamento progressivo das idéias de excepcionalidade e de monumento único, juntando-se aos critérios estilísticos e históricos outros como a preocupação com o entorno, a ambiência, os usos e o significado. Por sua vez, a noção mais abrangente de patrimônio cultural também vai sofrer uma grande ampliação, principalmente graças ao contributo decisivo da Antropologia, que, com sua perspectiva relativizadora, nele integra os aportes de grupos e segmentos sociais que se encontravam à margem da história e da cultura dominantes. Mostramos, então, como a expansão do conceito recoloca a questão da preservação do patrimônio: se numa visão mais restrita, tratava-se de identificar um elenco limitado de excepcionalidades, que deveriam ser documentados, fiscalizados e conservados, quando se estende de maneira tão significativa o campo do chamado patrimônio cultural, as coisas mudam de figura, tendo que ser repensadas as estratégias a se adotar nas políticas de preservação. Afinal, não é mais possível exercer esse tipo de controle esclarecido sobre tão imenso domínio e instrumentos tradicionais, como o tombamento, passam a expor agora suas limitações. Assim, a nosso ver, o grande desafio agora colocado está em se encontrarem mecanismos que reflitam essa concepção ampliada e processual do patrimônio cultural. Nesta perspectiva, nosso trabalho enfoca um outro instrumento tradicional que, bem explorado metodologicamente, parece-nos promissor no enfrentamento dessa ampliação do conceito de patrimônio: o inventário. para isso, o trabalho segue mostrando como esse instrumento vem sendo utilizado no Brasil desde a década de 30, quando se institucionaliza a preservação do patrimônio, até hoje, com a metodologia adotada refletindo sempre a concepção de patrimônio dos respectivos períodos. Assim, num primeiro momento, os inventários vão se limitar a estabelecer uma listagem dos bens excepcionais, não se preocupando em enquadrá-los num quadro mais amplo. Apesar dos esforços do órgão federal (SPHAN), que com o Pró-Memória começa a trabalhar outros aspectos do patrimônio cultural (como as artesianas, o saber-fazer popular, os mitos, entre outros), vai ser apenas nos anos 80 que essa perspectiva tradicional sofre alterações, com a incorporação da perspectiva urbana ao inventariamento. É interessante notarmos que essa mudança de perspectiva corresponde a uma mudança na organização sócio-espacial do próprio Brasil, que neste período vai sofrer, como os demais países da América Latina, um avassalador processo de urbanização: agora trata-se de inventariar grandes núcleos urbanos, as metrópoles que vão ser, como bem observa um antropólogo brasileiro, o lugar da heterogeneidade e da multiplicidade. Assim, respondendo ao desafio de criar novos instrumentos, que consigam contemplar a amplitude contemporânea do conceito de patrimônio, surge em 1993 em Belo Horizonte (MG), o Inventário do Patrimônio Urbano e Cultural (IPUCBH), amplo sistema de coleta e sistematização de informações sobre as diversas regiões da cidade. Associando pesquisa documental e trabalho de campo, o IPUCBH elabora um diagnóstico das localidades a partir de aspectos arquitetônicos, históricos, sociológicos, antropológicos e econômicos, numa tentativa de documentar a trama de relações ali existentes e que constituem seu verdadeiro patrimônio cultural. Com isso, tenta-se criar um instrumento que, ao mesmo tempo, que consegue registrar o patrimônio urbano e cultural em seu sentido mais amplo, pode servir de base para um planejamento mais cuidadoso, que leve em consideração as particularidades e identidades próprias dos diversos pedaços da metrópole.
Construindo o Patrimônio e a Memória na Cidade Contemporânea: alternativas e problemas
Nas últimas décadas, as noções de memória e patrimônio cultural passaram por significativas mudanças, que alteraram sensivelmente as práticas a elas relacionadas. O objetivo deste texto é discutir como estas transformações estão associadas tanto à intensificação dos processos econômicos e culturais globais como ao impasse de antigas práticas de preservar e conservar o patrimônio arquitetônico e urbano. Esta discussão busca mostrar as dificuldades da confluência e embate das forças sociais que provocam o processo de ruptura com antigas noções de preservar e conservar o patrimônio construído. A partir da discussão destes processos procura compreender e fundamentar alternativas, papéis e responsabilidades (culturais, financeiras e políticas) dos atores sociais envolvidos na construção da cidade contemporânea. De início traça considerações sobre as ambiguidades e contradições das conferências internacionais que orientaram a teoria e a prática das políticas de patrimônio cultural e conservação de monumentos. Ressalta que essas práticas delimitaram um longo período de intervençao urbana chamado por Françoise Choay de destruição progressista. Em seguida, procura contextualizar aspectos da experiência brasileira sobre a institucionalização da cultura, ressaltando a ideologia nacionalista como central no momento da construção das políticas culturais e da memória das cidades. Para finalizar, considera problemas referentes à (ausência de) memória da cidade de São Paulo sugerindo a construção de seu patrimônio urbano, mesmo que descontínuo, através do reconhecimento social e cultural da cidade que existiu nos seus primeiros séculos.
A Arquitetura dos Museus no Centro do Rio de Janeiro
O trabalho tem o objetivo de conhecer a malha constituída pelo conjunto de museus localizados no centro do Rio e avaliar sua influência nas condições de sustentabilidade do núcleo histórico. A análise de projetos de renovação de usos de edifícios com finalidade cultura e das Cartas internacionais de museologia e proteção de monumentos e sítios possibilitaram a formação da base teórica e metodológica da pesquisa, além do conhecimento das diretrizes e fundamentos das políticas de renovação dos núcleos urbanos deteriorados. No desenvolvimento, utilizamos critério de análise e fichas de inventários adaptados à realidade brasileira e carioca e elaborados na disciplina Arquitetura de Museus e Centros Culturais, ministrada no curso de graduação da FAU/UFRJ. Apresentaremos os resultados do diagnóstico realizado a partir de classificações preliminares e levantamentos da situação atual.
Rio de Cinema - made in Brazil, made in everywhere: o olhar norte-americano construindo e singularizando o capital carioca
Por um Restauro Urbano: novas edificações que restauram cidades monumentais
A intervenção restaurativa incorpora-se ao monumento, passando a fazer parte de sua história e, portanto, da sua transmissão no tempo. Como tal, deverá trazer, inexoravelmente, as marcas da época em que foi executada, sem desrespeitar as duas instâncias de que gozam as obras de arte: as que dizem respeito à estética e à história.
Religião e espaço público
Coletânea de 16 artigos que trata do entrelaçamento dos fenômenos religiosos com o espaço público. Os autores abordam temas diversos nos quais o espaço público serve de arena para as várias manifestações do sagrado no Brasil de hoje: a presença evangélica na política, a relação entre identidade religiosa e participação política, o sucesso de Paulo Coelho, entre outros. Além da própria organizadora, o livro apresenta textos de Ari Pedro Oro, Carlos Alberto Steil, Cecília Mariz, Clara Mafra, Emerson Giumbelli, Marc Henri Piault, Márcia Contins, Márcia Pereira Leite, Maria das Dores Campos Machado, Michel Agier, Pablo Semán, Regina Novaes, Rosane Prado, Roger Sansi, Sandra Sá Carneiro e Véronique Boyer.
Patrimônio Cultural - bens tombados pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro - Centro, Glória, Catete e Flamengo
O livro é composto por trinta e dois registros, acompanhados de um pequeno histórico, descrição e fotografias de cada um dos locais formadores do que a Prefeitura do Rio de Janeiro entende por Patrimônio Cultural, de bairros como Centro, Glória, Catete e Flamengo. Incluindo mapas para a melhor identificação do local.