Evolução urbana

Partindo das imagens cristalizadas sobre São Paulo colonial, tentamos resgatar o dinamismo interno paulistano, perceber seu próprio movimento, detectar a dinâmica de um processo de mercantilização crescente, perscrutar a articulação e tensões que envolveram esta sociedade, bem como acompanhar a consolidação no poder da elite local/regional e suas relações com a metrópole no que se refere ao período 1681-1700. Concluímos que a vila de São Paulo, tanto do ponto de vista econômico quanto social, encontra-se bem distante das imagens criadas pela historiografia a seu respeito. A produção de gêneros alimentícios e a criação do gado, bem como a mão de obra e a concessão de terras, e a concentração de riquezas nas mãos de uma elite local são indicativas de um quadro de mercantilização crescente. Percebemos a continuidade do processo de mercantilização da área paulistana no período, quando se torna pólo comercial importante.

A pesquisa aborda o projeto de intervenção arquitetônica e urbana como forma de preservação do patrimônio histórico e estratégia de requalificação urbana. Baseada na evolução dos conceitos e recomendações internacionais de preservação patrimonial, toma como objeto de estudo o Bairro da Luz, na Cidade de São Paulo, e os bens culturais tombados que ali se encontram. Através de análise crítica, procuramos compreender a evolução histórica do Bairro e a formação de seu legado cultural, os valores reconhecidos pelo instrumento do tombamento, as conseqüências resultantes da proteção legal, as formas de preservação empregadas - da manutenção e restauro à modernização e adaptação dos imóveis - e os fatores e particularidades relativos a cada caso, determinantes para seu atual estado de conservação. A leitura integral e objetiva explora acervo documental, material bibliográfico e o testemunho de profissionais envolvidos, visando à compreensão da riqueza e diversidade do tema.

O trabalho procura romper a estrutura caótica e concêntrica da metrópole, herdada da colônia, que afasta a casa da cidade, a cidade da casa e as casas das próprias casas. Propõe uma forma urbana única, uma totalidade transparente, ligando cada casa a um centro linear metropolitano situado na grande várzea do Tietê, desde Mogi até Barueri, e que seja ao mesmo tempo a grande praia proposta por Oscar Niemeyer para o trecho paulistano da várzea. Nessa várzea, estendida para toda a metrópole, propõe-se uma sucessão de centros urbanos, criados no encontro com trinta eixos norte-sul, aproximadamente paralelos, articuladores de trechos de afluentes do Tietê. Têm-se aí trinta novas bacias metropolitanas como base de uma reestruturação e subversão da geografia do planalto. O projeto pretende, através dessa reestruturação, restabelecer a unidade entre a forma urbana e a forma política. Esse processo seria gradativo, ao longo de uma história a ser definida pela viabilidade econômica. O trabalho envolve também uma análise de pré-viabilidade que inclui não só o estudo das formas econômicas para gerar o espaço pretendido, mas também as relações dialéticas, entre um projeto de longo prazo e uma primeira etapa de consolidação, que tornem o processo irreversível. Faz reflexões, então, sobre reformulações no uso do FGTS e sobre os recursos adicionais gerados pela própria implantação. Verifica-se que a estrutura proposta tem a potencialidade de gerar condições materiais para a criação de 500 milhões de metros quadrados de parques e mil quilômetros de metrô.

O trabalho trata da relação entre urbanização, questão ambiental e qualidade de vida. O tema da dissertação - as derivações antropogeneticas numa dada área, procura contemplar vários aspectos naturais e humanos no processo de povoamento e desenvolvimento regional. A opção recaiu sobre a análise integrada das alterações ecológicas do ambiente, na porção do espaço brasileiro contido na região paulista da Alta Sorocabana, resultante da ocupação agrária regional e da natureza do processo de derivação do quadro natural na área. Importa indagar, basicamente, como nesse processo de ocupação agrária regional, a urbanização resultante soube aproveitar ou desperdiçar o potencial ecológico para construir organismos urbanos positivos ou negativos ao conforto do habitante. A colocação do trabalho sob perspectivas ambientais obrigou a rever os principais conceitos discutidos atualmente na Geografia e as novas técnicas incorporadas às analise geográficas. Durante esse período sentiu-se que faltava uma ênfase maior nas conexões dos conceitos no processo histórico, o que dificultava o enquadramento e mesmo provocava certo equivoco método-técnico.

O presente estudo fundamenta-se na relação entre as transformações no mundo/transformações no lugar pela intensificação e diversificação de objetos técnicos que compõem o espaço segundo os imperativos das ações hegemônicas de diferentes períodos. Cada período delineou-se pelo acionamento de um conjunto de novos objetos técnicos que ao refuncionalizar os objetos preexistentes, promove maior importância do lugar na divisão social e territorial do trabalho em escala global. Esta característica gera transformações periódicas na paisagem urbana permitindo uma caracterização de cada etapa de mundializacão. A estruturação dos espaços públicos de lazer em São Paulo desenvolveu-se no decorrer do processo de urbanização, observando-se a crescente importância destes em possibilitar intervenções no espaço urbano. À medida que as relações entre a sociedade e o espaço urbano se complexificam (num embate de forças sociais transformadoras e forcas espaço-temporais condicionadoras), a necessidade de normatizacão e regulação das próprias relações sociais por parte do estado se acentua.

O trabalho em questão procura enfocar um dos efeitos conseqüentes da ocupação urbana e da expansão imobiliária do litoral paulista, através de um parâmetro biologicamente mensurável, baseado no número de coliformes fecais por 100ml de água, que permite então qualificar a balneabilidade das praias paulistas através de suas condições sanitárias para banho e lazer. Tem como objetivo principal colocar a seguinte questão: - como está se comportando a qualidade das águas costeiras que banham as praias paulistas e os municípios que mais sofreram com a presença de banhistas. Pretende também mostrar que os parâmetros de balneabilidade podem refletir as oscilações causadas pelo maior ou menor fluxo de banhistas durante o período de verão.

A tese pretende a partir de um estudo sobre a cidade de santos, 1870-1913, analisar as transformações e relações entre a transação de trabalho escravo para o trabalho livre e a vida urbana no Brasil. O primeiro capítulo apresenta a formação da cidade de Santos enfatizando o problema das epidemias e as alterações no porto e no comércio e as modificações causadas também pelo advento da ferrovia. O segundo capítulo trata as transformações da cidade mostrando a consolidação das formas de vida mais fisicamente burguesas e como elas ajudam os espaços públicos e privados e o cotidiano dos moradores da cidade. Analisa também a vida dos trabalhadores na cidade, imigrantes nacionais e ex-escravos. Seus lugares e possibilidades de trabalho, moradia, lazer, relação social, discriminação e violência. Estes são os temas que pretendem no seu conjunto esclarecer sobre a negação do passado colonial e a afirmação do capitalismo.

Para o estudo da conversão de espaços naturais pelo processo de expansão urbana na grande São Paulo, foram aplicadas ao município de Vargem Grande paulista metodologias que possibilitam quantificar e qualificar os espaços naturais convertidos e aqueles sob pressão do meio urbano. O estudo evolutivo entre 1962 e 1991 foi estabelecido através de técnicas de sensoriamento remoto com auxílio de trabalho de campo. As áreas sob pressão urbana foram identificadas através do preço da terra. A qualidade destes espaços foi identificada através das aptidões desses espaços do ponto de vista econômico e natural.

Ao redor da década de 1920, São Paulo enceta o "boom" do seu processo de metropolização, definindo sua fisionomia urbana básica e consolidando um novo imaginário simbólico de identidade e agregação para sua imensa população, na maior parte constituída de recém-chegados. Esse processo ingente de mudanças é mediado pelas novas tecnologias que assinalam o cotidiano da cidade moderna, acelerando e organizando seus fluxos massivos. São Paulo se torna assim uma vitrine viva do reenquadramento do país no contexto internacional que emerge da revolução científico-tecnológica. A conjunção do impacto tecnológico, da cosmopolitização intensificada e do conflito socio-cultural pela constituição de uma nova identidade, compõem os termos em que se circunscreve a germinação do modernismo, no âmago das tensões de formação da metrópole paulista.

O trabalho investiga a geograficidade do pensamento de Mario de Andrade, que se manifesta no tratamento de um temário socialmente aceito como geográfico. Do tratamento dado à relação entre sociedade e natureza e a oposição entre o rural e o urbano, em especial nas obras Turista aprendiz e Macunaína, emergem os contornos de uma utopia civilizatória impregnada pela valorização da tropicalidade e das suas virtualidades. Das poesias urbanas publicadas em Paulicéia Desvairada e Lira Paulista se despreende imagens da cidade e elementos da moderna sociabilidade urbana, ligados ao processo de metropolização do espaço paulistano. Este universo fragmentado de referências geográficas reconstróem o país e a cidade como representação. A dissertação que apresentamos busca captar momentos deste processo.