O presente artigo analisa o voto de imigrantes espanhóis para as eleições do Conselho de Residentes. A autora conclui ter encontrado coerência no voto dos imigrantes, em relação à sua origem e posicionamento político. De acordo com a amostragem, obteve o maior número de votos dos espanhóis que no passado estiveram aglutinados numa associação que, embora não se proclamando abertamente de esquerda, se posicionava abertamente contrária a qualquer ditadura. Entre os votantes havia espanhóis de várias regiões (Galicia, Andaluzia, Catalunha, País Basco etc.); entretanto, sua convicção em votar nos partidos de esquerda ou centro-esquerda para o Parlamento Europeu esteve acima de qualquer regionalismo ou qualquer simpatia. Suas escolhas para o futuro presidente do Brasil, caso pudessem votar, seriam também suficientemente seguras, dividindo-se entre dois partidos brasileiros por eles identificados como de esquerda e centro-esquerdo.
Os espanhóis que participaram no passado de centros que mantinham relações com a ditadura franquista, embora se apresentando como associações regionais e “apolíticas”, também votaram coerentemente, pois tanto nas eleições para o Conselho de Residentes como para as eleições do Parlamento Europeu rejeitaram qualquer candidatura que tivesse um caráter de esquerda. Como a maioria desses imigrantes não tiveram no passado a experiência que tiveram os associados de centros mais combativos, sua opção, ao votar para o Conselho de Residentes, oscilou entre os amigos e as candidaturas mais simpáticas. Para o Parlamento Europeu, entre partidos regionais (de acordo com a região de cada um) e partidos mais ou menos simpáticos, e, caso votassem para presidente do Brasil, escolheríam preferencialmente Fernando Collor de Mello, com alguns votos para Maluf, Jânio Quadros e Ronaldo Caiado.