Dança e política: Movimento a Lia Rodrigues Companhia de danças na Maré
Esta dissertação investiga as transformações na pesquisa de dança desenvolvida pela Lia Rodrigues Companhia de Danças após sua chegada ao Complexo de Favelas da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro, em 2004, para uma residência. A análise é feita de forma cronológica, a partir do estudo e mapeamento entrelaçado das operações políticas e estéticas da coreógrafa Lia e de sua equipe com a Maré durante os últimos 11 anos. Ideias e conceitos de estudiosos dedicados à pesquisa tanto de dança como de arte e política – como Hanna Arendt, André Lepecki, Eleonora Fabião, Jacques Rancière, Peter Pal Pélbart, Randy Martin, Andrew Hewitt e Danielle Goldman – são introduzidos e discutidos. O ponto de partida é uma breve história da coreógrafa e da companhia e a análise de seus modos de operação no contexto das economias da dança hoje. Encarnado, trabalho de 2005 que marca a chegada à Maré, é o primeiro espetáculo abordado, seguido da análise da trilogia sobre águas e coletividade: Pororoca (2009), Piracema (2011) e Pindorama (2013). Mais dois movimentos da coreógrafa e sua equipe na região são igualmente analisados: a abertura do Centro de Artes da Maré (CAM) – sede da companhia e palco para diferentes manifestações artísticas e sócio-políticas – e o Núcleo 2 – projeto de formação técnico, artístico e profissional com jovens, que tornou-se um forte elo entre Lia Rodrigues, dançarinos e comunidade. Outro ponto importante é a apresentação de processos de criação da companhia e a participação da dramaturgista Silvia Soter. É também objetivo do estudo refletir sobre a representação da favela carioca e discutir segurança pública na Maré através de reflexões de Jailson de Souza e Silva e Eliana Sousa Silva.