Pobreza e desigualdade

O livro é uma síntese das idéias desenvolvidas desde os anos 70, ao longo da trajetória acadêmica e intelectual. Retoma a noção de espoliação urbana e o tema do pauperismo acirrado com a derrocada econômica que se abre a partir de 1980. Rediscute o tema da cidadania, das lutas urbanas e suas conexões com os conflitos fabris. Volta a tratar da metropolização, da moradia popular e do padrão periférico de ocupação do solo urbano na metrópole. Assim, velhos e novos temas são repensados e reciclados, à luz de um diálogo constante que vem estabelecendo com a sociologia urbana e à luz das grandes transformações por que passa São Paulo, metrópole do subdesenvolvimento industrializado.

O livro analisa os efeitos da raça na estratificação social, refletindo sobre as relações entre os grupos de cor ao longo dos anos 80. Enfoca diversos aspectos das relações raciais, dando atenção àqueles ligados à produção das desigualdades sociais. Está dividido em nove capítulos. No capítulo 1, observa o estado atual das pesquisas sobre desigualdades raciais no Brasil. Analisa, nos capítulos 2, 3 e 4, o casamento inter-racial e sua conseqüência: a miscigenação. Nos capítulos 5, 6 e 7, estuda a relação entre raça, oportunidades educacionais e inserção dos grupos de cor no mercado de trabalho e as conseqüências destas duas etapas, as dimensões do bem-estar e da pobreza. Nos capítulos 8 e 9, trata do cotidiano das relações raciais na sociedade brasileira, como é vivido e como é pensado.

O livro reúne dois artigos sobre relações raciais. O primeiro artigo é o produto de uma longa reflexão sobre o contraste entre as manifestações de preconceito em relação aos descendentes de africanos, que ocorrem no Brasil e nos Estados Unidos, com base na consulta à literatura e na observação participante, nos dois países. O segundo artigo apresenta uma denúncia do preconceito existente em São Paulo, em relação aos pretos e mulatos, baseada em pesquisa empírica sistemática.