Pobreza e desigualdade

O artigo apresenta uma autobiografia do trabalho de pesquisa do autor sobre justiça na favela do Jacarezinho. Questiona as relações entre a sociologia e a autobiografia, entre ciência e literatura. Destaca a importância que pode ter para as ciências sociais o desenvolvimento de um método autobiográfico como meio para testar novas respostas para questões comuns para a ciência e a literatura.

Trata-se de verbete especialmente redigido para a Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World, que enfatiza a favela, seus barracos e espaços construídos como técnicas tradicionais. Insiste na idéia da favela como sinônimo de morro e como local singular onde tanto os barracos como o espaço evoluem no tempo.

Observa que os complexos habitacionais construídos pelo governo, transmitem uma sensação de que os planejadores consideram a população pobre como uma multidão anônima, unida somente pelas suas condições miseráveis de vida. Em seguida, enfatiza que o projeto da arquitetura social não deve se reduzir apenas a uma intervenção sobre o espaço urbano, mas constituir essencialmente uma interação junto aos atores sociais. O artigo discute as percepções de precariedade no meio urbano, focalizando, em particular a favela na cidade do Rio de Janeiro, onde a maioria dos seus habitantes é composta por trabalhadores rurais pobres, que migraram para a cidade em busca de melhores oportunidades. A pesquisa mostrou que, com a finalidade de se adaptar ao meio urbano, esses migrantes geralmente criam estratégias inconscientes de transformação do espaço. Elas se baseiam no único conjunto de referências que restaram inalteradas para eles: a rede de relações sociais. Processo materializado nos espaços de moradia dos migrantes, construídos lentamente de acordo com seus diferentes estágios de adaptação ao meio urbano.

Analisa a cooperação internacional no Brasil, especialmente no caso das áreas pobres do Rio de Janeiro, destacando a atuação dos Peace Corps (Corpos de Paz) e das ONGs nas favelas. Se nos anos 60 e 70 assistimos a uma invasão das favelas por jovens universitários americanos, nos anos 80 e 90 chegou a vez de múltiplas e variadas ONGs que também defendem a participação da população local no chamado desenvolvimento da comunidade. O paper ressalta as diferenças entre esses dois tipos de atores quanto às suas origens, filiação ideológica e estratégias de ação, mas aponta algumas semelhanças quanto ao tipo de intervenção que realizam.

O artigo corresponde ao início exploratório de uma investigação mais ampla para analisar algumas características das intervenções policiais nas favelas da cidade do Rio de Janeiro que assinalam um elevado grau de violência e um número considerável de mortos. Procura compreender a aceitação desses excessos por uma parte da sociedade, refletindo sobre a atuação da polícia através de dados obtidos em reportagens publicadas durante os últimos cinco anos em três grandes periódicos da cidade e entrevistas com residentes de diversas favelas. Observa o freqüente medo causado pela atuação arbitrária da polícia entre os residentes das favelas e a construção da categoria inocente, tão difundida na imprensa quanto entre os favelados. E constata que a impunidade geral, as sentenças judiciais lenitivas, as difíceis condições de trabalho que afetam a polícia, e determinadas ações políticas específicas somadas a causas históricas, servem para explicar a violência contra os residentes de favelas.

Mostra algumas características das intervenções policiais nas favelas da cidade do Rio de Janeiro, marcadas por um elevado grau de violência, utilizando reportagens dos principais jornais cariocas nos últimos cinco anos sobre a atuação da polícia, e entrevistas com moradores de várias favelas. Constata um sentimento generalizado de medo da arbitrariedade policial entre os favelados, e a construção de estratégias de defesa para enfrentar esse problema. Além disso,observa a construção da categoria inocente, generalizada na imprensa e até mesmo entre os favelados. Finalmente, o artigo acrescenta às explicações históricas a impunidade generalizada, os julgamentos lenientes, e os graves problemas da polícia, além de determinadas ações políticas.

O artigo objetiva avançar na análise dos padrões de casamento entre os grupos de cor, fazendo uma avaliação da estabilidade temporal e das diferenças na seletividade marital a partir de uma extensão do modelo proposto no trabalho: Distância Social e Casamento Inter-Racial no Brasil, do mesmo autor.