O objetivo central da presente pesquisa é compreender os processos de transformação de residências particulares em Patrimônio Cultural, tendo como foco central a análise da Casa do Sol, morada da escritora Hilda Hilst, tombada em 2011 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC). Visando melhor atingir o objetivo proposto, a metodologia utilizada pretendeu levantar os diversos aspectos do contexto de construção do imóvel, sua trajetória, a composição do acervo, os aspectos jurídicos e as transformações funcionais que vivenciou na passagem do particular para um lugar de memória. Em cada conjunto documental buscou-se reunir e confrontar os documentos relativos às estratégias utilizadas para a elaboração e inserção da Casa do Sol como parte do legado de Hilda Hilst. As intencionalidades dos agentes responsáveis pela transformação funcional e simbólica pela qual passou a residência tornam-se fundamental nessa perspectiva, visto que a casa é um espaço musealizado, utilizado por um grupo de agentes como instrumento de mediação e de negociações de sentido, cuja materialidade é mobilizada para atender demandas específicas no presente. Entender a constituição de Patrimônios através da interpretação, ordenação e exposição da cultura material, pode elucidar um contexto mais amplo de disputas sociais pela memória e demonstrar de que forma os lugares e os objetos se comportam como suportes de um processo permanente de construção e reconstrução de identidades na sociedade contemporânea. Dessa forma, a revisão bibliográfica referente ao movimento de extensão das práticas de preservação, a análise da cultura material disponibilizada no ambiente e a identificação dos agentes intencionados, compõem a tríade necessária para compreender o contexto mais amplo de tombamento da Casa do Sol. A pesquisa revelou indícios históricos importantes no que diz respeito a uma configuração social única, uma teia de relações que sustentam a dimensão material e imaterial de um processo complexo e dinâmico.