Espaço Maré: histórias, trajetórias e desafios

A presente dissertação tem como objetivo contextualizar o processo da produção espacial da Maré, mediante a reconstrução histórica e geográfica da dinâmica da produção do espaço favela no Município do Rio de Janeiro. Para tanto, a pesquisa foi norteada pela concepção teórico-metodológica da categoria/conceito de análise espaço geográfico, que permitiu o entendimento das espacializações desenvolvidas pelos moradores da Maré através das diferentes escalas de observação (Município, Região Administrativa/Bairro, Favela). O trabalhou primou por uma reflexão que evidencia o movimento dialético que é estabelecido entre a sociedade e a sua espacialidade. De modo que a exteriorização do espaço geográfico seja percebida através das diferentes formas espaciais, onde tais formas assumem uma existência, a partir dos valores e sentidos (função) que esta sociedade lhe atribuiu. Neste estudo, as favelas da Maré se apresentam como um exemplo de grande importância para ilustrar as diferentes práticas sociais e espaciais construídas pelos distintos atores que produziram este espaço. Tal afirmativa foi contextualizada por meio de uma retrospectiva de sua formação e consolidação e  também, mediante aos dados relacionados às condições de vida e de habitação da população residente na Maré no ano de 2000. Para isso, foram utilizados dados provenientes do Censo Demográfico IBGE 2000, assim como informações dos Censos Maré 2000 e do “Maré 2000: As Empresas da Maré” e dos Institutos Pereira Passos (IPP) e de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As informações selecionadas para esse conjunto de indicadores levaram em conta não só o volume populacional e o crescimento, mas também, a estrutura etária, a educação, a migração, a habitação e o rendimento.