“Quando a gente não tá no mapa”: a configuração como estratégia para a leitura socioespacial da favela

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Loureiro, Vania Raquel Teles
Sexo
Mulher
Orientador
Medeiros, Valerio Augusto Soares de
Ano de Publicação
2017
Local da Publicação
Brasília
Programa
Arquitetura e urbanismo
Instituição
UnB
Idioma
Português
Palavras chave
Favela
Padrões socioespaciais
Sintaxe Espacial
Configuração urbana
Resumo

Esta tese busca decodificar o sistema espacial da favela, enquanto entidade auto-organizada e espontânea, por meio do estudo de sua configuração. Entendidas frequentemente como frações segregadas e desorganizadas, as favelas tendem a permanecer interpretadas em seus problemas e suas carências, sem que sua espacialidade seja entendida durante o processo de atuação ou desenvolvimento urbano. A Teoria da Lógica Social do Espaço (HILLIER & HANSON, 1984) é adotada enquanto abordagem teórica, metodológica e ferramental, permitindo a leitura do objeto em sua complexidade espacial. São comparados 120 assentamentos localizados ao redor do mundo, explorados segundo um conjunto de 26 variáveis configuracionais (entre qualitativas e quantitativas, geométricas e topológicas). Os resultados são ainda balizados por amostra de 45 cidades portuguesas de origem medieval (exemplares da cidade orgânica) e pela pesquisa de Medeiros (2013) para 44 cidades brasileiras (ilustrativas de estruturas urbanas contemporâneas). O estudo tem como objetivo principal analisar em que medida a configuração das favelas, investigadas a partir de seus padrões espaciais, afeta as dinâmicas socioespaciais ali presentes. É intenção responder às seguintes perguntas: 1) há um padrão espacial na favela? e 2) em que medida a favela reproduz padrões espaciais inerentes à cidade orgânica e historicamente consolidados? As questões levam à construção da hipótese de que a configuração da favela revela padrões espaciais provenientes das suas práticas de auto-organização, que são responsáveis por dinâmicas urbanas de sucesso. A espontaneidade inerente, frequentemente subvalorizada pela sua sintaxe de difícil apreensão, revela-se um processo urbano catalisador de qualidade espacial a partir do momento em que sua complexidade é entendida e decodificada. Os achados revelam que a favela busca, na medida do possível, organizar-se dentro do sistema maior que a recebe, buscando conexões com a envolvente direta além de se estruturar internamente. A leitura configuracional aponta que emergem de suas relações espaciais padrões comuns aos que estruturam cidades orgânicas, distinguindo-se essencialmente em sua densidade extrema e grau de consolidação, apesar de revelarem boa estruturação global. Suas dinâmicas internas se comportam de modo aproximado a sistemas urbanos completos e consolidados, partilhando lógicas comuns e transversais a regiões do mundo e culturas distintas, o que reforça a sua auto-organização como potenciadora de qualidade espacial e característica essencial a seu desenvolvimento.

Referência Espacial
Zona
Zona Oeste
Cidade/Município
Rio de Janeiro
Bairro/Distrito
Rocinha
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
Rio de Janeiro
Referência Temporal
seculo xxi; década 1990; década 2000; década 2010; 2013
Localização Eletrônica
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=5303356