O romance Macunaíma, de Mário de Andrade, nos revelou uma nova possibilidade de leitura: Macunaíma e a cidade de São Paulo: caminhos mutantes. Entendemos o termo mutação no sentido de mudança, aquilo que muda e se altera constantemente. O objetivo deste trabalho é evidenciar que a mutação é o elo estrutural entre o romance Macunaíma e a cidade de São Paulo. Ela é a reveladora do contínuo processo de atualização dos dois objetos inseridos no romance: a personagem e a cidade. Como conseqüência, pretendemos demonstrar, no romance Macunaíma, o germe de mutação em qualquer tempo e espaço, visto que, tanto a personagem-herói quanto a personagem-cidade estão em permanente processo de atualização. No primeiro capítulo, abordamos o contexto histórico-cultural dos anos 20, período revelador do projeto estético e ideológico de Mário de Andrade e suas premissas. No segundo capítulo, buscamos apoio em estudiosos tais como: Nicolau Sevcenko e Gaston Bachelard para construir uma analogia entre a linguagem mutante do romance e o insólito rio Tietê, que pode ser visto como parâmetro da construção histórico-cultural da cidade de São Paulo. Teóricos como Claude Lévi-Strauss, Haroldo de Campos, entre outros, foram fundamentais para o estudo e a explanação da presença e o significado do mito em Macunaíma. No terceiro capítulo, traçamos um paralelo entre as mutações da personagem Macunaíma e as mutações da cidade de São Paulo, à luz dos conceitos do flâneur, de Charles Baudelaire e do dérive, de Michel de Certeau. No último capítulo, sob os conceitos de Mikhail Bakhtin, entre outros, abordamos o aspecto do discurso polifônico das mutações que nos revelou que Macunaíma é um romance cuja principal característica é não se fechar em um único aspecto, sua memória inventiva se constrói sob a intertextualidade e a mutação, pilares da estética de Macunaíma e da cidade de São Paulo