O estudo analisa a segregação ocupacional por gênero dos diferentes estratos sociais e grupos raciais no Brasil urbano entre 2002 e 2015. Foram abordadas duas dimensões inter-relacionadas: os diferenciais de participação de homens e mulheres no mercado de trabalho, com foco na influência das composições familiares nas chances de participação no mercado de trabalho. E, a segregação ocupacional por gênero, que marca os lugares de homens e mulheres no mercado de trabalho e está relacionada com a qualidade das ocupações disponíveis para grupos sociais distintos assim como a discriminação. A tese mais geral é que a estrutura da desigualdade social no Brasil faz com que as oportunidades e mudanças sociais e econômicas que levaram a uma ampliação dos direitos de cidadania das mulheres atingiram mais fortemente os estratos sociais médios e altos. O quadro pouco se altera para os demais. O entrelaçamento de gênero, raça e classe, que compõe a estratégia analítica dos dados, chama atenção não apenas para a diversidade das categorias sociais, mas para o fato de que indivíduos concretos, por meio de relações sociais intersubjetivas, estão constantemente negociando e disputando lugares e posições no mercado de trabalho. A permanência de nichos de trabalho femininos parece contradizer os avanços relacionados à redução das desigualdades entre homens e mulheres nas sociedades contemporâneas. E, neste sentido, o que se problematizou no estudo foi a construção dos espaços ocupados pelas mulheres nos anos 2000, após grandes mudanças nos papeis, atribuições e relações de gênero. Assim, a partir de uma perspectiva sociológica, as perguntas que nortearam a realização da pesquisa podem ser resumidas em: quais as diferenças de acesso ao mercado de trabalho entre homens e mulheres entre 2002 e 2015? Uma vez no mercado, quais são os lugares ocupados pelas mulheres das diferentes classes sociais no Brasil? Quais são as mudanças da composição por sexo das ocupações brasileiras em período recente? Como se dá a inter-relação entre raça, gênero e classe no direcionamento da força de trabalho a espaços específicos? Para abordar essas questões foi realizada uma análise quantitativa do mercado de trabalho no brasil urbano com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) entre 2002 e 2015, para pessoas com idade entre 25 e 65 anos, residentes em áreas urbanas. A partir da construção de uma tipologia de intensidade da presença das mulheres nas ocupações e da utilização do esquema Casmin para a construção dos indicadores de classe social concluiu-se que a inserção das mulheres negras e brancas no mercado de trabalho, e os lugares ocupados por elas são fortemente condicionados por fatores exógenos ao mercado e à sua qualificação. A presença das mulheres no mercado de trabalho depende de uma rede intrincada de arranjos e negociações com a esfera doméstica, social e cultural. Os guetos de trabalho masculinos são muito mais refratários à presença feminina do que o contrário.
Jogo de cartas marcadas: segregação ocupacional por gênero no Brasil urbano
Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Souza, Nicia Raies Moreira de
Sexo
Mulher
Orientador
Fernandes, Danielle Cireno
Ano de Publicação
2018
Local da Publicação
Belo Horizonte
Programa
Sociologia
Instituição
UFMG
Idioma
Português
Palavras chave
Mercado de trabalho
Gênero
Segregação
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
Referência Temporal
2002 - 2015
Localização Eletrônica
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=6467261