"Cabeça vazia é oficina do Diabo": Uma análise sobre o lugar da juventude no processo de "Pacificação" do Complexo do Andaraí/Grajaú

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Fernandes, Raquel Brum
Sexo
Mulher
Orientador
Coelho, Maria Claudia Pereira
Ano de Publicação
2015
Local da Publicação
Rio de Janeiro
Programa
Ciências Sociais
Instituição
UERJ
Idioma
Português
Palavras chave
Juventude
Favelas
Projetos sociais
Unidade de Polícia Pacificadora
Resumo

Estudos sobre grupos jovens de camadas médias do Rio de Janeiro têm já há alguns anos indicado que a construção das identidades nesses grupos não se dá de forma imediata ou definitiva. Suas trajetórias seriam, ao contrário, formadas por momentos, “cenas”, alternâncias e combinações em diversas áreas como os relacionamentos amorosos e as práticas de lazer. No que diz respeito às análises sobre as juventudes cariocas de camadas populares, entretanto, especialmente as faveladas, são constantemente destacadas as peculiaridades da vida social em territórios de pobreza, especialmente naqueles “governados” por organizações traficantes, que acabariam assumindo um papel determinante na trajetória biográfica desses jovens. Tal reflexão tem incitado, já há vários anos, o desenvolvimento de iniciativas que buscam “orientar” jovens pobres na construção de trajetórias biográficas consideradas legítimas. Assim, surgiram os “projetos sociais”, os quais se multiplicaram pelas áreas carentes da cidade (especialmente favelas e que possuem maior atenção midiática) objetivando oferecer “outras expectativas” e perspectivas de vida aos jovens favelados. Dentro da proposta das Unidades de Polícia Pacificadora, que pretende promover a devolução das favelas ao Estado e do Estado às favelas, o desenvolvimento desses “projetos sociais” destinados às juventudes carentes, ganha uma importância ainda maior, já que a sedução desses jovens por atividades lícitas e educativas, seria fundamental para que a “pacificação” se efetivasse. Minha pesquisa se desenvolveu nas favelas que compõem o chamado “Complexo do Andaraí/Grajaú” e buscou compreender o lugar atribuído aos jovens locais pelos gestores dos “projetos sociais” que se desenvolveram no território como complemento e sequência à instalação da UPP. Procurei também evidenciar as relações dos referidos jovens com tais projetos e a percepção sobre a importância atribuída a sua categoria para a consolidação da política de segurança. De forma geral, o que a análise das entrevistas com os jovens revelou foram projetos de futuro incertos, que podem incluir a construção de carreiras formais e socialmente valorizadas em áreas como medicina ou direito, sem que isso implique em planos em curto prazo de retornar à escola ou fazer vestibular. Quanto ao envolvimento dos jovens nos “projetos”, muitos dizem gostar de frequentar as aulas e atividades, mas apenas em alguns casos isso parece despertar ou influenciar planos profissionais em longo prazo. Quanto às entrevistas com gestores dos projetos, destacou-se uma inquietação dos mesmos em relação ao não interesse da juventude das favelas do Andaraí/Grajaú em participar das atividades. Esse desinteresse seria, segundo os gestores, problemático em si mesmo, sem necessariamente significar um envolvimento dos jovens com atividades criminosas. Evidenciou-se uma falta de percepção por parte dos “projetos sociais” dos diversos (des) interesses e escolhas operados também pelos jovens das camadas populares.

Autor do Resumo
Autor
Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Cidade/Município
Rio de Janeiro
Bairro/Distrito
Complexo do Andaraí/Grajaú
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
Rio de Janeiro
Referência Temporal
Século XXI
Localização Eletrônica
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