Este trabalho faz a leitura e análise dos contos da coletânea Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), de Antonio de Alcântara Machado, sob o foco de uma narrativa-registro do cotidiano do operário ítalo-paulistano e da cartografia da cidade de São Paulo, na década de 1920. Para isso, selecionamos três elementos que se mostram essenciais para a elaboração do registro-narrativo: a prosa documental, a presença de um narrador documentarista do espaço da cidade e o registro da vida cotidiana dos operários ítalo-paulistanos. O capítulo inicial, recupera o ponto de vista de Alcântara Machado a respeito da literatura dos anos 20 e apresenta os princípios da prosa documental, projeto estético cunhado pelo autor e concretizado em Brás, Bexiga e Barra Funda. O narrador documentarista ganha lugar no segundo capítulo, no qual a cartografia da cidade de São Paulo é tomada como lugar ficcional privilegiado para a documentação do registro-narrativo. O capítulo final analisa, do ponto de vista literário-histórico-social, os contos:Gaetaninho, Lisetta e Carmela, evidenciando o registro do cotidiano dos operários ítalo-paulistanos, flagrados em seus dramas e desejos postos em foco pela opressão gerada pela irreversível modernização da cidade