Praticai a hospitalidade: saúde e economia na recepção de imigrantes na Corte do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX

A pandemia decorrente do novo coronavírus suscitou diferentes questões que passaram a ser objeto de discussões realizadas não só por especialistas, mas também por pessoas de diferentes âmbitos da sociedade. Dentre tais questões, o debate envolvendo saúde e economia se fez presente como um dos cernes das discussões sobre as medidas e os respectivos parâmetros a serem adotados para a contenção do avanço da COVID-19. Em tempos em que essas duas áreas ganharam não só novos olhares, mas também diferentes olhares daqueles que já se encontram inseridos nesses meios, uma revisitação histórica é uma oportunidade de refletir sobre debates que atravessam diferentes épocas e que estão longe de se findarem. Para tal, optamos por abordar um contexto em que os âmbitos da saúde e da economia também realizaram uma significativa contraposição, influindo diretamente nas vidas da população migrante. O contexto escolhido foi a Corte do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX e, como objeto, três hospedarias de imigrantes, objetivando-se com isso discutir como a criação desses locais de recepção dos imigrantes fez parte não só de uma complexa rede do processo imigratório, como também de transformações nas estruturas da economia e da higiene pública brasileiras.