A partir do relatório SAGMACS: as favelas, ontem e hoje

Diante de tal empreendimento de pesquisa urbana, que combina extensão e profundidade, o autor vai interrogar-se sobre uma questão não menos desconcertante: pois não deixa de ser intrigante que um estudo tão fundamental, inovador e polêmico quanto o da SAGMACS, tenha caído rapidamente no esquecimento por parte da academia. O autor faz o leitor percorrer alguns meandros da ambiência acadêmica e intelectual dos anos 1950/1960, e dos quadros sociais e do clima exaltado e radicalizado do debate político. Na penúltima sessão do artigo, o autor trata da estrutura geral da reflexão, recapitulando seus próprios passos: o argumento que articulou toda a enorme massa de informação empírica parte da suposição inicial de que a favela era o território da pobreza urbana. Na medida em que favela e pobreza se unificavam, entrava em cena uma terceira categoria da compreensão dominante nos anos 1960, a marginalidade, situação que mais tarde reaparecerá fortemente ressignificada como exclusão. Em sua derradeira sessão, Machado da Silva retornará mais uma vez aos termos da pesquisa SAGMACS para afirmar que a favela é uma representação instável e polissêmica.