Irmãos: Uma história do PCC

Tipo de material
Livro
Autor Principal
Feltran, Gabriel
Sexo
Homem
Código de Publicação (ISBN)
9788535931617
Edição (nome da editora)
Companhia das letras
Ano de Publicação
2018
Página Inicial
1
Página Final
408
Idioma
Português
Resumo

O livro Irmãos: uma história do PCC é a condensação dos resultados das pesquisas feitas pelo autor Gabriel Feltran entre 2005 e 2018 (ano de sua publicação). Durante todo esse período, o autor se dedicou ao estudo da criminalidade e das dinâmicas internas e externas dos mercados ilegais, assim como suas transformações frente ao processo de globalização que abrangeu tanto os mercados lícitos quanto os ilícitos.
O trabalho é composto por 10 capítulos divididos em duas partes: a primeira parte intitula-se “A Sociedade Secreta” e compreende os 4 primeiros capítulos. No início, o autor apresenta sua principal tese: contra a visão de senso comum que enxerga o Primeiro Comando da Capital (PCC) a partir de um molde de organização empresarial ou de uma organização militar, o autor argumenta que a metáfora mais próxima da realidade é a da sociedade secreta. O primeiro capítulo intitulado “Maçonaria do Crime” nos traz tal ideia, pois o PCC não funciona como uma empresa visto que a maioria dos negócios ilícitos promovidos por seus integrantes são particulares e não do Comando. Por outro lado, a metáfora da organização militar poderia induzir a dois erros: a olhar somente para as ações bélicas do grupo, uma pequena parte de suas ações e, de procurar uma organização hierárquica dentro da facção o que em realidade inexiste. De acordo com o autor, a metáfora da sociedade secreta é muito mais proveitosa, pois assim como a Maçonaria, o PCC não é dono dos negócios de seus membros nem mesmo recebe uma porcentagem de seus lucros, mas sua existência baseia-se na ajuda mútua entre seus membros, na manutenção de todos no “caminho certo” e na criação de vínculos de solidariedade entre os membros. Nos outros capítulos dessa parte, o autor busca traçar um panorama desde o nascimento do PCC em 1993, passando por todas as disputas internas ao comando e, chegando até o período em que se inicia o processo de expansão do grupo para outros estados e mesmo para outros países.
A segunda parte intitula-se “A Política de Expansão” e mostra como se deu o processo de consolidação da hegemonia do PCC nas favelas e periferias de São Paulo e seu crescimento em outros estados. Nessa parte o autor discute a relação entre a consolidação do PCC em São Paulo, as políticas de segurança e a redução drástica no número de homicídios no estado no início dos anos 2000. Diferente do discurso dos autores de tais políticas, o autor demonstra que elas tiveram sim um papel nessa redução, embora não seja aquele imaginado pelos membros do governo de então. Políticas como o encarceramento em massa por si não reduziram os homicídios, mas favoreceram a difusão do PCC dentro e fora dos presídios e, juntamente com o crescimento do Comando, crescia também o alcance de sua justiça.
Após diversas lutas internas dos membros da facção criminosa, o grupo instituiu um modelo de ação muito diferente daquele costumeiramente adotado por tais grupos. Ao invés de agir segundo a lógica de dominação de territórios, como agem grupos tais como o Comando Vermelho do Rio de Janeiro, os principais membros do PCC optaram por agir no controle dos mercados ilegais, pois um estado de guerra aberta com o estado não é bom para ninguém, nem mesmo para os negócios. Por isso, o comando tomou providências para a organização dos presos, como a proibição dos assassinatos não autorizados, do estupro e posteriormente do uso de crack nas cadeias. Do lado de fora, o Comando tabelou o preço das drogas para acabar com a concorrência entre pontos de venda e instituiu uma espécie de “justiça do crime”, para a qual todos os problemas devem ser levados e sem a autorização dela nenhuma atitude de vingança pode ser tomada. Tal processo quebrou o ciclo interminável de vinganças que ocorria antes de seu surgimento, assim como a criação de uma facção hegemônica pois fim nos conflitos entre grupos no estado de São Paulo.
O autor traça um panorama dos mercados ilegais globais e da inserção do PCC neles, procurando relacionar as dinâmicas que ocorrem na ponta desse enorme sistema, ou seja, o pequeno traficante, o usuário, o jovem da periferia, o furtador de veículos etc., com o topo dessa cadeia comercial, ou seja, com o movimento desses produtos entre os países e os continentes, os grandes produtores de drogas, as políticas dos estados nacionais para tentar apresentar um quadro o mais completo possível para o leitor da economia ilegal e de seus resultados.
 

Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
1993-2018