Uma favela “diferente das outras?”: Rotina, silenciamento e ação coletiva na favela do Pereirão, Rio de Janeiro

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Rocha, Lia de Mattos
Sexo
Mulher
Orientador
Luiz Antonio Machado da Silva
Código de Publicação (DOI)
31032010004P9
Ano de Publicação
2009
Programa
Sociologia
Instituição
UCAM
Idioma
Português
Palavras chave
Sociologia urbana
Segregação socioespacial
Segurança Pública
Resumo

Esta tese investiga as novas configurações do associativismo em favelas do Rio de Janeiro a partir do estudo de caso de uma pequena favela localizada na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, que goza de uma situação particular e quase excepcional: a ausência de conflitos frequentes entre traficantes de drogas e entre esses e a polícia, sem ser dominada por grupos para-militares (grupos como é o caso em muitas favelas cariocas). Para seus moradores, trata-se de uma favela “tranquila” e, por isso, “diferente das outras”. A partir deste caso real do possível discuto as implicações dessa “tranquilidade” para a sociabilidade local, e particularmente para sua associação de moradores e para a organização não-governamental ali localizada. Argumento que a ausência de conflitos frequentes é uma importante dimensão na vida local, pois permite aos moradores não apenas a manutenção de sua “segurança ontológica” (Giddens, 1991), como também oferece à população local um importante recurso acionado nos processos de limpeza moral que executam. No entanto, afirmo que tal “tranquilidade” é acompanhada de um silenciamento por parte dos moradores e de suas organizações sobre suas rotinas e sobre os riscos por eles vivenciados. No caso de sua associação de moradores, tal silenciamento tem como consequência, entre outras, uma imobilidade no que diz respeito à mobilização para ações coletivas que demandem melhorias para a localidade. No caso da ONG local, o silenciamento se dá de outra forma; o trabalho executado está relacionado a representações sobre a criminalidade violenta e sobre a “vulnerabilidade” da juventude local frente a ela. Nesse sentido, os participantes da ONG possuem uma voz sobre a vida nesses territórios, mas que está “ajustada” ao enquadramento atual do “problema da favela”. Elevando a discussão a uma dimensão mais geral, analiso o “ajustamento” (Boltanski e Thévenot, 1991) de associações de moradores e organizações não-governamentais tanto aos novos parâmetros da atuação estatal nessas localidades quanto ao discurso mais recente sobre sociedade civil e movimentos sociais – que modelam esse atual “problema da favela”. Por fim, discuto qual a “voz possível” para moradores de favelas, dentro das condições dadas pelas representações coletivas existentes sobre eles e sobre o lugar que ocupam na dinâmica socioespacial da cidade.

Autor do Resumo
Lia de Mattos Rocha
Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Zona
Sul
Cidade/Município
Rio de Janeiro
Bairro/Distrito
Laranjeiras
Localidade
Pereirão
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
Rio de Janeiro
Referência Temporal
Século XXI