A pesquisa investiga como as práticas integrativas e complementares (PICS), especificamente yoga e meditação, estão sendo incorporadas nos serviços de saúde, num cenário de ambiguidades, tensões e processos de legitimação dessas práticas. A análise baseia-se nas narrativas de profissionais de saúde e de pacientes envolvidos nos grupos das práticas integrativas e complementares de yoga e de meditação em uma unidade básica de saúde na cidade de São Paulo. O trabalho busca entender como essas práticas foram instituídas no âmbito desta UBS e investigar tanto o ponto de vista de profissionais de saúde sobre essas práticas no sistema oficial de saúde quanto aquele dos pacientes sobre os efeitos desse tratamento.
Se, no desenho das políticas instituídas pelo SUS, essas práticas são complementares, como elas são entendidas pelos pacientes e profissionais em suas práticas? A partir desse entendimento, busca-se investigar a eficácia dessas práticas, atentando para as narrativas dos pacientes e profissionais, especialmente no que diz respeito à sua adesão em concomitância ao uso do tratamento alopático, ocasionando a redução de medicamentos ou amenizando seus efeitos colaterais; ou, ainda, suspendendo os medicamentos e utilizando as práticas de yoga e de meditação como recurso prioritário para ansiedade e depressão leve.
Utiliza-se como eixo central do trabalho o conceito de técnica corporal de Marcel Mauss, para descrever esta prática como uma forma de uso do corpo, inscrita em uma cultura e transmitida à coletividade como conhecimento e prática adquiridos. Cabe ainda destacar a noção de saberes práticos eficazes, pois essas práticas se abrem para o holismo, a integralidade, promovem o dinamismo e trazem novas perspectivas para a unidade básica de saúde como um novo modo de olhar a saúde pública.