Trabalho, desenvolvimento cognitivo e escolarização de alunos de periferia: um estudo comparativo

A pesquisa investigou as relações entre trabalho, desenvolvimento cognitivo e escolarização em amostras de 60 estudantes de escolas de periferia - 30 trabalhadores e 30 não-trabalhadores entre 10 e 15 anos de idade - procurando, igualmente, estudar suas representações da escola, do trabalho e de suas relações com atividades desenvolvidas no tempo livre. Como procedimentos, foram utilizadas a entrevista clínica piagetiana, a fim de estabelecer o nível operatório dos sujeitos, e a entrevista informal, destinada a recolher informações sobre a situação escolar, de trabalho e do tempo livre, bem como sobre as representações dos sujeitos. As representações de trabalho e escola de ambos os grupos são permeadas de imagens ideológicas; eles concebem, também, a relação escola-trabalho de modo absoluto, mecânico e deformado. Não há diferença entre as amostras quanto às atividades pouco diversificadas e sem novidades, sendo frequente a influência da TV. Os trabalhadores encontram-se em situação ocupacional e material precária, realizam comumente tarefas simples, desarticuladas e determinadas "de fora" e apresentam consciência parcial e procedimentos rígidos no trabalho. A discussão volta-se para as características das condições de trabalho, que parecem repetir-se, em geral, na situação escolar e no contexto do tempo livre - agora comuns a ambos os grupos - revelando, em qualquer dos casos, um meio pouco propício ao desenvolvimento das estruturas lógicas.