Esta tese investiga a recente mobilização política dos evangélicos no Brasil. Seu objetivo é analisar certas suposições encontradas na literatura sobre o crescimento evangélico (sobretudo pentecostal) e seu impacto político na América Latina e, em particular, no Brasil. Essas suposições dizem respeito à relação estabelecida entre político evangélico e eleitor; ao crescimento da presença evangélica nos legislativos brasileiros; à força eleitoral dos candidatos evangélicos e das igrejas pentecostais; e ao apoio de eleitores evangélicos a candidatos que sinalizam a mesma religião. Para realizar esse objetivo, a tese se apoia em revisão da literatura relevante, na construção de um novo banco de dados de candidaturas evangélicas para o legislativo no Brasil (1998-2014) e na realização de um experimento de survey com estudantes universitários da cidade de São Paulo. Os dados são analisados por meio de estatística descritiva, modelos de regressão OLS e logística. Os resultados revelam um quadro mais complexo sobre a atuação política evangélica do que a literatura costuma supor. As afirmações sobre a suposta atuação clientelista dos deputados evangélicos, conquanto não necessariamente equivocadas, não encontram apoio na produção de leis do estado de São Paulo. Entre 1998 e 2014, o número de candidaturas evangélicas para a Câmara dos Deputados e para as Assembleias Legislativas aumentou em termos absolutos, mas se manteve estável em termos relativos. O número de evangélicos eleitos aumentou no período, mas permanece inferior à proporção de evangélicos na população brasileira. Os deputados evangélicos são, cada vez mais, provenientes de igrejas pentecostais que adotam o modelo de representação corporativa. O apoio dessas igrejas a seus candidatos oficiais produz um efeito positivo sobre seu desempenho eleitoral mesmo controlando por fatores como gasto de campanha, incumbência, partido, entre outros. Porém, a despeito das suposições de apoio irrestrito dos fiéis a candidatos de suas igrejas, o sucesso eleitoral das igrejas pentecostais é menor do que se assevera. Por fim, o uso de pistas religiosas por parte de candidatos evangélicos só tem efeito positivo sobre os eleitores evangélicos condicionado ao tamanho da oferta de candidatos. Por outro lado, tem efeito negativo sobre outros grupos religiosos, sobretudo num cenário com apenas dois candidatos.
Pentecostalismo, eleições e representação política no Brasil contemporâneo
Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Silva, Fabio Lacerda Martins da
Sexo
Homem
Orientador
Ricci, Paolo
Ano de Publicação
2017
Local da Publicação
São Paulo
Programa
Ciência Política
Instituição
USP
Idioma
Português
Palavras chave
Candidatos
Eleições
Evangélicos
Legislativo
Pentecostais
Resumo
Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Métodos mistos
Área Temática
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
1998-2014
Localização Eletrônica
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-02062017-103551/pt-br.php