Minha Área é Casa de Família: o emprego doméstico na cidade de São Paulo

A ocupação nos serviços domésticos é um dos fenômenos mais notáveis do mercado de trabalho feminino brasileiro, ocupando quase um quinto da população economicamente ativa feminina. Ao mesmo tempo, da mesma forma que as empregadas são às vezes invisíveis em nossos lares, até o momento elas têm estado invisíveis nos estudos da sociologia do trabalho. Em parte isso se deve ao predomínio do paradigma marxista, que prioriza a análise das relações de produção "tipicamente capitalistas", em detrimento do que denomina os setores marginalmente integrados ao capital, caso dos serviços domésticos. No mundo do trabalho de hoje não há mais como manter tais distinções. Principalmente, a sociologia não pode fechar os olhos à realidade de trabalho dessas mulheres, e para isso se faz necessário aliar a análise macroscópica da inserção feminina no mercado de trabalho aos estudos de caso, que permitam a investigação da cultura, da maneira como as empregadas domésticas vivem sua ocupação e a relação com os empregadores. Foi essa a tentativa deste trabalho: aliar a descrição de algumas características dos serviços domésticos na Região Metropolitana de São Paulo nos anos 1989 e 2001, com base em dados estatísticos (PED-Pesquisa de Emprego e Desemprego - Seade/Dieese), à análise de como empregadas - e com menor ênfase empregadoras(es) - vivem e refletem sobre o emprego doméstico. O estudo de caso se apoiou em 26 entrevistas com empregadas e empregadores domésticos da cidade de São Paulo.