A presente pesquisa tem como objetivo discorrer sobre o “Nóia” como uma categoria discursiva e sobre os laços que circundam esse discurso. Esses discursos de poder/verdade carregam um conhecimento que legitima toda uma ordem de violência sobre esses corpos. Procura-se entender como essa corporalidade se desenvolveu na cidade de São Paulo e os impactos do aparecimento do crack no final da década de 1980 e início dos anos 90 a partir da história de vida de quatro sujeitos.
Parte-se da seguinte noção: a construção narrativa que envolve o “Nóia” é sociológica, histórica, fruto de metamorfoses de discursos e práticas. Portanto, não está alheia às lógicas globais de controle e dominação sobre populações assujeitadas. Ainda se apresentam outros discursos que cooperam com essa produção discursiva, como o tráfico, o rap e a imprensa.
A partir de entrevistas, letras de rap, imprensa, observação e relatos etnográficos, recursos de história oral e memória coletiva, buscou-se entender quais as inflexões e metamorfoses ocorridas nas periferias da cidade de São Paulo nesse período e como resultaram na emergência do “Nóia”. Estes discursos fazem do corpo do “Nóia” um corpo em disputa permanente.