História de compra & venda: mercados e abastecimento urbano em Campinas, 1859/1908

Idealizados com o objetivo de solucionar os problemas do abastecimento urbano, os quatro mercados que existiram em Campinas entre 1859 e 1908 (Mercado Grande, Mercadinho de Hortaliças, Mercado de Hortaliças e Mercadão) surgiram marcando períodos importantes da vida da cidade e de sua população. Para facilitar a chegada dos gêneros alimentícios vindos dos sítios e chácaras dos arrabaldes e de regiões mais distantes, sua localização foi estrategicamente definida nos limites do perímetro urbano. Desta maneira, os mercados acabaram por balizar as fronteiras entre o espaço urbano e o rural sem, no entanto, opor cidade e campo, muito ao contrário: neles estes universos se encontravam e se complementavam, eram cúmplices no jogo das trocas, na produção, no consumo. Instalados em terrenos inadequados sob o aspecto da salubridade, três dos quatro mercados foram agentes de mudanças sanitárias, verdadeiros arautos do "progresso" naqueles locais e em suas vizinhanças. Regrados por normas específicas, os mercados, que polarizaram a maior parte do comércio de gêneros alimentícios de primeira necessidade e de hortaliças, foram controladores e organizadores do abastecimento de Campinas, procurando ordenar também a circulação e as atitudes das pessoas em suas dependências e até nos seus arredores