Nesta pesquisa investigamos o processo de tombamento do Vale do Anhangabaú, localizado na região central da cidade de São Paulo, levado a termo pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP, em 1992. Centramos nossa análise nos argumentos e concepções sobre cidade, patrimônio e preservação mobilizadas no processo e em seus documentos oficiais de patrimonialização, percebendo esse tombamento como uma tentativa de conformação de uma política de preservação, em que diversos atores mobilizaram valores, saberes e conceitos. As visões do técnico e da gestão municipal, buscando uma nova forma de preservar o patrimônio, e a recepção e o papel da sociedade são elementos que aqui discutidos. As relações político-administrativas da seara cultural com a gestão e com as demais áreas, como a do Planejamento, também foram objeto de nossa atenção. Outro aspecto é a relação entre este tombamento e os ferramentais próprios da gestão urbana, uma vez que ele se deu a partir de uma ação da área de planejamento do governo municipal, a Operação Urbana Anhangabaú, o que acabou por causar conflitos entre as áreas de planejamento e cultura. Para tanto, tomamos por baliza a bibliografia sobre patrimônio, arquitetura e cidade de São Paulo. Além do processo administrativo, utilizamos publicações do Departamento do Patrimônio Histórico e documentos produzidos sobre o tema, além de realizarmos entrevistas com profissionais cuja trajetória se relaciona com nosso objeto. Buscamos, concomitantemente, compreender a relação estabelecida no documento “processo de tombamento” entre a história da cidade e de seu centro e seu desenvolvimento urbano e a valoração de seu patrimônio, tendo sempre presente que o patrimônio é um campo de conflito. Investigamos também a relação entre a mancha urbana central enquanto artefato arquitetônico e as vivências e memórias construídas verificadas neste suporte. Estas vivências e memórias nem sempre estão claras quando se trata de patrimonialização de bens arquitetônicos, mas sua compreensão permite entender a arquitetura como uma escrita de relações cotidianas, portadora de suas contradições, o que nos faz acreditar em uma possível articulação entre patrimônio material e o que hoje chamamos de patrimônio imaterial, pela carga simbólica estabelecida entre a sociedade e o bem material em seu uso cotidiano, podendo ser inserido na noção de patrimônio ambiental urbano, em que o suporte tectônico está relacionado com os usos e valores sociais que se faz dele, compondo matéria e uso um mesmo ambiente, uma mesma paisagem, ainda que dinâmica.
Emoldurando o cartão postal através do qual se conhece São Paulo: poder, conflito e hegemonia no tombamento do Vale do Anhangabaú
Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Luis Gustavo Pereira Ferreira
Sexo
Homem
Orientador
Fernando Atique
Ano de Publicação
2015
Programa
História
Instituição
UNIFESP
Idioma
Português
Palavras chave
São Paulo
Vale do Anhangabaú
Patrimônio
Tombamento
DPH
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Bairro/Distrito
Anhangabaú
Logradouro
Vale do Anhangabaú
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
1992-2015
Localização Eletrônica
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=3076325