Configurações identitárias na arte contemporânea: a Bienal de São Paulo, de 1998

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Luiza Helena Oliveira da Silva
Sexo
Mulher
Orientador
Lucia Teixeira de Siqueira e Oliveira
Ano de Publicação
2006
Local da Publicação
Rio de Janeiro
Programa
Letras
Instituição
UFF
Idioma
Português
Palavras chave
Semiótica
Bienal de São Paulo
Arte contemporânea
Resumo

Este trabalho analisa textos e obras inseridos nos quatro catálogos da XXIV bienal de São Paulo, realizada em 1998. Tomando como mote o manifesto antropófago, de Oswald de Andrade (1928), os curadores selecionaram obras de diferentes países, organizando-as sob as mais diversas perspectivas suscitadas por múltiplos olhares em torno da antropofagia e do canibalismo. Se, de imediato, a atualização do texto do idealizador da semana de arte moderna remete a questionamentos em torno da afirmação de uma identidade nacional no campo das artes, a curadoria complexifica essas relações. Assim, a exposição problematiza, desde os processos que envolvem a dominação econômica, como no caso dos artistas africanos, que denunciam todo o violento processo de exploração sofrido pelos países daquele continente, até formas de diálogo entre as produções artísticas de distintas origens e momentos históricos, utilizando-se para isso das mais diferentes definições: contágios, contaminações, inserções, pontuações, presenças.  As reflexões suscitadas pela mostra remetem ainda às relações amorosas e às dinâmicas interculturais, à diluição das fronteiras territoriais e ao apagamento dos sujeitos nas grandes cidades, pontuando as complexidades que envolvem as relações entre identidade e alteridade na contemporaneidade. O corpus é composto pelos textos (produzidos por curadores brasileiros e estrangeiros, além de ensaios, poemas e fragmentos de textos de outros autores, selecionados pela curadoria geral) e reproduções das obras, ambos inseridos nos catálogos da mostra. O pressuposto que orienta leitura deste trabalho é o de que a identidade preconizada pelos modernistas brasileiros da primeira metade do século XX ganha novos sentidos quando produções artísticas das últimas décadas a elegem como tema. À medida que discursos em torno da globalização preconizam uma nova ordem mundial, pela reconfiguração do poder e descentralidade dos estados nacionais, as produções e reflexões em torno da arte contemporânea apontam novos sentidos para o nacional, novas conformações identitárias, remetendo o dizer a sua inscrição em diferentes formações discursivas. Como fundamentação teórica, o trabalho emprega a semiótica discursiva. Como teoria de todas as linguagens e sistemas de significação, a semiótica oferece suporte para leitura de textos verbais e não-verbais, proporcionando reflexões, a partir do que compreende como sincretismo, sobre os efeitos de sentido produzidos pelo entrecruzamento de diferentes linguagens. Na medida em que prioriza a análise de discursos sobre a contemporaneidade, privilegiando aspectos relativos à ideologia, o trabalho se vale ainda as contribuições da análise do discurso francesa e de teóricos que se voltam para as temáticas da globalização e da identidade.

Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
1998