Teoria da Localização: análise crítica a partir de evidências empíricas no estado de São Paulo

Este estudo lida com as decisões sobre localização feitas pelos "enterpreneurs" e gerentes das companhias que estabeleceram novas plantas industriais no Estado de São Paulo, Brasil, entre 1977-1979. Cerca de 580 dessas plantas foram examinadas em 1980 com o objetivo de descobrir o importante "push and pull" dos fatores de localização para as diferentes categorias da nova planta e o processo de tomada de decisão, e para avaliar a experiência das plantas em sua nova localização. O objetivo deste estudo é usar os resultados do survey para investigar a maneira pela qual as decisões foram obtidas (ou seja, a quantidade e a qualidade da informação reunida, a "extensão de tempo" do processo de decisão da localização e a extensão geográfica da análise, assim como os métodos utilizados para analisar e interpretar as informações) e os fatores de localização mais importantes para a decisão. Os resultados sos surveys similares precedentes têm sido usados para criticar a "Teoria da Localização" na medida em que mostram importantes discrepâncias entre as suposições e hipóteses dessa Teoria. O estudo, então, conclui com a discussão da relevância das descobertas para a crítica "Teoria da Localização". No primeiro capítulo, algumas das características mais importantes dos modelos de localização são apresentados, com ênfase no comportamento "attibuted" ao agente econômico. Algumas críticas são discutidas e algumas perspectivas alternativas analisadas. A parte empírica da tese analisa o processo de tomada de decisão entre as firmas na amostra, assim como os "pull factors" citados como os dois mais importantes para a decisão. Um grupo de oito variáveis é usado para representar o processo de decisão (número de regiões e sub-regiões consideradas, a extensão do tempo, informação usada - duas variáveis -, análise das informações coletadas - três variáveis). Após considerar os resultados em termos absolutos, as variáveis de localização são desagregadas de acordo com 13 características das empresas (tamanho, localização, autonomia, características de construção - 3 variáveis -, tecnologia, evolução das vendas, tipos de estabelecimento, pressão na decisão, direção e extensão do movimento e a importância dos custos do transporte no produto). A estes dois grupos de variáveis foi aplicada uma técnica estatística chamada "Análises de Correspondências", objetivando a descrição do "comportamento das variáveis" com as diferentes características das empresas. A importância dos vários fatores de localização é considerada na definição da região, da cidade (município) e do lugar. Em cada caso, a variação da importância desses fatores é consideração em relação às características das empresas. Os resultados mostram que as empresas estudadas geralmente decidem sem uma análise muito cuidadosa, e que o procedimento locacional varia de acordo com suas características. Assim como os fatores de localização são importantes, a evidência indica que o acesso e o trabalho são os mais importantes fatores locacionais; de outro lado, as razões pessoais têm um papel importante em outros casos. A relevância das descobertas para a crítica da "Teoria da Localização" é discutida no capítulo final. É argumentado que a importância assinalada pelos "enterpreneurs" aos vários fatores de localização parcialmente confirma a ênfase dada aos custos de trabalho pela "Teoria da Localização". De outro lado, o processo de tomada de decisão desenvolvido pelas empresas pode ser considerado distante do que seria compatível com a racionalidade. Discute-se que a relevância destas descobertas nesse tema é muito limitada, sendo necessário considerar a relevância da localização para a manutenção das empresas e a possibilidade de "adaptação pelo" e/ou "adaptação ao" sistema a longo prazo.