O presente trabalho tem como objetivo analisar algumas expressões do pensamento mágico religioso, sobretudo as relações entre caça e guerra, no universo histórico do contato dos grupos jê meridionais durante os séculos XVIII e XIX, em suas relações com o mundo exterior da alteridade. Mediadas pelas intermináveis guerras, as relações desses índios com o mundo exterior não-índio propõe uma predação do exterior para a produção do interior, em cujo processo o xamanismo atua como instância de controle dos poderes invisíveis para o sucesso da captura de bens simbólicos e materiais do exterior. A predação existente por meio da guerra permitia ao grupo se apropriar de partes subjetivadas do outro, mas também de partes objetivadas, o que permitia não só a incorporação de virtudes, mas também de partes do corpo do inimigo. Com isso pretendo estabelecer algumas relações entre as urnas funerárias e o morto (fera), a guerra e o inimigo e a caça e a fera abatida, pensando por meio de um diálogo entre a antropologia, arqueologia e história como podemos propor determinadas analogias entre estes diferentes modos de se relacionar com o mundo exterior que provavelmente esteve presente na história e cultura destes grupos jê meridionais. O material básico de pesquisa foi tanto uma documentação histórica dos séculos xviii e xix referentes à região dos atuais sul de goiás, triângulo mineiro e norte de são paulo; como uma bibliografia etnográfica sobre os grupos jê que permitiu o exercício de uma projeção etnográfica; bem como uma bibliografia proveniente da arqueologia que também permitiu o exercício da projeção etnográfica. Com base nisso, é proposto que aos poderes visíveis dos guerreiros e caçadores se somavam os poderes invisíveis do xamã e de suas ações nas situações de conflitos, no qual, animais, mortos (fera) e outros povos são inimigos, mas detentores de certos poderes e bens e responsáveis por uma produção ontológica, que controlados por xamãs sonhadores e guerreiros, são apropriados subjetivamente e objetivamente na caça, na guerra e nos rituais funerários para a própria produção e reprodução de sua máquina social cultural.
O visível e o invisível nas relações de contato dos grupos jê meridionais: uma análise da caça, guerra e dos rituais funerários como relações de predação, produção e controle dos poderes latentes da alteridade
Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Junqueira, Gabriela Goncalves
Sexo
Mulher
Orientador
Mano, Marcel
Ano de Publicação
2017
Local da Publicação
Uberlândia
Programa
Ciências Sociais
Instituição
UFU
Idioma
Português
Palavras chave
Jê Meridionais
Caça
Ritual Funerário
Predação e Apropriação
Produção de pessoas
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
Referência Temporal
séculos XVIII e XIX
Localização Eletrônica
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