O trabalhador digitalizado: a formação do sujeito neoliberal no setor bancário (2008-2018)

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Santos, Wilson Emanuel Fernandes dos
Sexo
Homem
Orientador
Braga Neto, Ruy Gomes
Ano de Publicação
2018
Local da Publicação
São Paulo
Programa
Sociologia
Instituição
USP
Idioma
Português
Palavras chave
Trabalho
Bancários
Bancos
Sindicatos
Relações de trabalho
Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo principal discutir as transformações no trabalho bancário brasileiro no período pós-crise de 2008 até 2018, no contexto da era digital do capitalismo avançado. A estratégia da investigação compreendeu uma observação participante no Banco do Brasil, na cidade de São Paulo/SP, que registrou o cotidiano do trabalho, as ações e reações de apoio ou resistência às novas formas de organização e conteúdos do trabalho, e flagrou um dos maiores processos de reestruturação da história deste banco. Por meio de entrevistas, depoimentos e questionários aplicados a trabalhadores bancários que exercem distintas funções em diferentes bancos e a representantes sindicais de trabalhadores dos principais bancos do país, coletaram-se dados sobre as percepções, as opiniões e os discursos predominantes sobre os temas. O conjunto dos fenômenos estudados e suas singularidades aponta para o que seria um novo momento na trajetória do trabalho bancário. Observou-se que as tecnologias digitais, em especial as mídias sociais digitais, são responsáveis por mudanças agudas no conteúdo, na organização e nas relações do trabalho bancário. Como canais de comunicação, associados à inteligência artificial, elas modificaram a forma da interação entre empresas, trabalhadores e população. No cotidiano do trabalho, o taylorismo persiste sob essa nova base tecnológica e constrói o perfil do bancário vendedor nas plataformas digitais, um “bancário digivendedor”, sobre o qual o controle gerencial a intensificação do fluxo das tarefas e do cumprimento de metas encontram-se agora na própria ferramenta de trabalho. Dois fenômenos principais estão na essência dessas transformações: a ascendência da tecnologia digital como a própria plataforma de trabalho e as reestruturações que causaram uma sensível diminuição do número de postos de trabalho, a partir da adoção de novos modelos de negócios. Em paralelo, a individualização das relações de trabalho emerge nos formatos de contratação precários, na remuneração condicionada ao resultado individual e no afastamento das ações coletivas. A análise dos resultados da pesquisa mostra uma disputa de narrativas, entre o discurso do individualismo meritocrático reproduzido pelos representantes das empresas e que encontra eco em boa parte dos trabalhadores, em contraposição ao discurso do coletivismo classista reproduzido pelos sindicalistas e por outra parcela de trabalhadores. Nessa disputa, prevalece a lógica do indivíduo prestador de serviço independente, o “eu-empresa”, que se sobrepõe ao trabalhador pertencente a uma categoria com relações de trabalho protegidas por garantias típicas da sociedade salariada. O discurso gerencial procura responsabilizar cada trabalhador pelo resultado financeiro da empresa e, no limite, pela própria sobrevivência dela. Essa lógica serve de base para a justificação da individualização das relações de trabalho, que desponta em suas diversas dimensões.

Disciplina
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
Referência Temporal
2008-2018
Localização Eletrônica
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoconclusao/viewtrabalhoconclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=6442037