O Negócio do Michê: prostituição viril em São Paulo

Aborda as redes relacionais entre um tipo particular de prostitutos, chamados "michês", geralmente jovens de aparência hipermáscula, e seus clientes homossexuais adultos, num circuito espacial determinado: o "gueto gay" do centro da cidade de São Paulo. Após uma discussão do estatuto peculiar da "territorialidade homossexual" no seio da "Região Moral", procede-se a um levantamento da história do gueto no período 1959/1984 e a uma descrição etnográfica das populações envolvidas no circuito, salientando o caráter nômade dos relacionamentos e os movimentos de territorialização e reterritorialização que afetam as trajetórias dos sujeitos. A partir da análise das transações sexuais e da agrupação em séries (de idade, de classe, de raça, de gênero) dos atributos valorizados no contrato que se estipula entre prostitutos e clientes, discute-se o funcionamento do dispositivo libidinal da prostituição viril, como uma modalidade peculiar de agenciamento entre regras de troca e desejos sexuais nos interstícios do corpo social.