A 'Maldição' das Ruas: o estigma do pivete

Resumo: A partir de uma pesquisa de campo com um grupo de "guardadores" de carros, busca-se acessar a construção do sujeito "guardador", para: investigar os agentes e agências responsáveis pela inculcação da crença na "maldição", averiguando como esta é veiculada, como opera e se desenvolve -, e como a sociabilidade da rua permite a elaboração de respostas contra a crença fatalista. A hegemonia progressiva da cidade de Santos não impede que enfrente dificuldades características das cidades grandes ou em processo de metropolização. Crianças e adolescentes de e/ou na rua, são a imagem da insustentabilidade dos valores que pretendiam validar a lógica do capital, e estes sujeitos, cujas ruas tornam-se um desafio a ser vencido, são identificados como grandes colaboradores do caos urbano ou, "no mínimo", como embriões de uma criminalidade futura. Na cristalização desta imagem de "pivetes", se inscreve uma elaborada forma de violência simbólica: a "maldição" das ruas: um mecanismo de controle social que atua com base na associação entre uma infância pobre vivida na rua, e uma vida adulta de continuadas "transgressões" à ordem estabelecida.