A presente tese de doutorado tem por objetivo analisar a estrutura social da fronteira Brasil/Venezuela tomando por referência as relações transnacionais motivadas pelo fenômeno migratório de brasileiros e venezuelanos marcado por interação e estigmas sociais. Para isso, compreende o recorte temporal de 1970 a 2017 e toma como referência os pressupostos teórico-metodológicos da fenomenologia social com a finalidade de retratar a fronteira Brasil/Venezuela como lugar da migração. Neste sentido, o trabalho apresenta e discute as tipificações sociais como produto dos processos de estigmatização. Além disso, articula algumas noções acerca da construção identitária presente na interação social entre os grupos de migrantes já mencionados. Nesse processo, a base de análise é, portanto, a interação social entre os (e/i)migrantes e o grupo social do lugar de destino. Ainda nesse cenário, a interação social está relacionada, sobretudo, às relações comerciais, às relações de trabalho, às relações familiares e de amizades. Sendo assim, a tese objetiva analisar o fenômeno da interação social e da estigmatização dos (e/i)migrantes brasileiros e venezuelanos a partir dos moradores locais estabelecidos no lado do Brasil e no lado da Venezuela. Objetiva ainda verificar e demonstrar o porquê do impacto da (i)migração venezuelana ter sido maior para o Brasil, especificamente no estado de Roraima, do que a (e)migração de brasileiros para a Venezuela, em especial no estado Bolívar. Para alcançar tais objetivos, toma por base as seguintes questões norteadoras: como ocorre o processo de interação social dos (e/i)migrantes brasileiros e venezuelanos com os habitantes estabelecidos na fronteira Brasil/Venezuela? Nesse cenário, os (e)migrantes brasileiros são mais estigmatizados do que os (i)migrantes venezuelanos? Com esses questionamentos, a pesquisa toma como referência a abordagem qualitativa, tendo em vista que esta abordagem permite um diálogo com o método fenomenológico. Assim, o uso deste método torna-se importante para que o procedimento de coleta e análise de dados ocorra sob o viés da interpretação compreensiva. Consequentemente, a partir dos resultados obtidos neste estudo, pode-se afirmar que brasileiros e venezuelanos compartilham uma condição fronteiriça marcada, por um lado, pela interiorização de uma identidade incerta e estigmatizada e, por outro lado, pela possibilidade concreta de interação social. No entanto, diante da mudança ocorrida nos fluxos migratórios da fronteira Brasil/Venezuela, os venezuelanos passaram a ser mais estigmatizados no Brasil do que os brasileiros na Venezuela. Isso ocorre devido ao fato de o estado de Roraima ter uma estrutura precária para receber um grande contingente desses (i)migrantes e também por esta ser uma (i)migração recente se comparada à (i)migração de brasileiros na Venezuela. Logo, Roraima tem acolhido, mas ainda não integrado os venezuelanos à sua sociedade.
Interação social e estigma na fronteira Brasil/Venezuela: um olhar sociológico sobre a migração de brasileiros e venezuelanos
Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
Santos, Alessandra Rufino
Sexo
Mulher
Orientador
Monsma, Karl Martin
Ano de Publicação
2018
Programa
Sociologia
Instituição
UFRGS
Idioma
Português
Palavras chave
Estigma
Fronteira
Interação social
Migração
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
UF
Roraima
País estrangeiro
Venezuela
Referência Temporal
1970 - 2017
Localização Eletrônica
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