Abrir um lugar no espaço significa poder trabalhar, morar, sobreviver. Significa também dominar ou ser dominado. Lutar para conseguir uma posição nas relações que se estruturam entre os grupos sociais depende, mas também se reflete, do modo como os indivíduos se situam no espaço. Já não se trata apenas de um espaço físico, porém de um complexo espaço social onde os processos de dominação-subordinação se articulam à produção econômica. Alcançar um lugar neste complexo espaço não significa travar embates abertos. Os confrontos são surdos na maioria das vezes, expressam-se por tensões de diferentes graus. A luta se trava muito mais no subsistir cotidiano. Para controlar este dia-a-dia sofsticam-se planos e programas de planejamento que, paradoxalmente, crescem na mesma proporção em que se avolumam favelas, problemas de transporte, enfim o caos urbano. Esse descompasso não é ocasional mas se explica pelas próprias condições em que se geram os problemas urbanos e os planos de solução.
Os estudos deste livro buscam apreender a lógica imanente e o suporte destas não-soluções. São importante contribuição teórica para a análise dos problemas urbanos.