Aspectos sociológicos da profissionalização do futebol em Belo Horizonte nas décadas de 1920 e 1930

Tipo de Material
Artigo de Periódico
Autor Principal
Lage, Marcus Vinícius Costa
Sexo
Homem
Título do periódico
Esporte e Sociedade
Volume
23
Ano de Publicação
2014
Idioma
Português
Palavras chave
Profissão
Amador
Jogador de Futebol
Resumo

O futebol profissional se constituiu em categoria regulamentada nos principais centros urbanos brasileiros em 1933, ano que alguns clubes se organizaram para fundar novas entidades privadas de gestão da referida modalidade esportiva. Seguindo as orientações da FIFA, as recémcriadas Associações, Ligas e Federações definiam em seus Estatutos dois níveis de competições e de clubes, a saber: a 1ª Divisão, ou Divisão Profissional; e a 2ª Divisão, ou Divisão Amadora. O marco oficial da regulamentação do futebol profissional acima exposto não pode, contudo, ser compreendido como momento que a profissão de jogador se originou. Entendemos a categoria sociológica “profissão” como uma função social especializada que é ofertada frente uma demanda existente. Nesse sentido, a gênese da profissão de jogador de futebol se insere no conjunto de transformações do significado social da prática e do consumo dessa modalidade esportiva, caracterizando-a como uma indústria do espetáculo esportivo e como via de ascensão social para praticantes das camadas menos favorecidas da sociedade. A investigação da conformação do jogador de futebol profissional em Belo Horizonte tem sido objeto de pesquisa empírica do Mestrado em Ciências Sociais, cujos resultados preliminares trazemos para o presente Seminário. A partir da análise documental de periódicos e de memórias de atores sociais daquele contexto, concluímos que durante a década de 1920 a Liga local e os principais clubes belo-horizontinos inseriram o futebol nas engrenagens do sistema capitalista através da oferta de disputas futebolísticas. Frente à crescente demanda social caracterizada pela conformação da identidade clubística, os dirigentes esportivos alcançavam prestígio social e conquistas políticas. Para aprimorar o jogo de futebol, passou-se a se exigir cada vez mais dos jogadores, produtores do espetáculo esportivo em questão. Por isso, antes mesmo da regulamentação profissional, constatamos a existência de jogadores especializados, mesmo que de forma incipiente, no campo futebolístico, sendo pagos extraoficialmente para praticarem o futebol, já que a Liga reconhecia apenas o amadorismo esportivo. A criação da Divisão Profissional em 1933 rompeu com a indefinição do status do jogador daquele contexto, que era inscrito como amador e atuava como profissional, garantindo-lhe direitos básicos. Entretanto, as fontes apresentam o fato como uma iniciativa dos dirigentes esportivos e não como conquista dos “trabalhadores da bola”.

Disciplina
Método e Técnica de Pesquisa
Qualitativo
Referência Espacial
Cidade/Município
Belo Horizonte
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
Minas Gerais
Referência Temporal
1920-1940
Localização Eletrônica
https://periodicos.uff.br/esportesociedade/article/view/49210