O samba nasce cantando o dinheiro. Nas composições da primeira metade deste século há uma tensão constante entre frisar que o amor é muito mais importante que o dinheiro (que não traz felicidade) e o dar-se conta de que, numa sociedade cada vez mais mercantilizada, é preciso dinheiro para conseguir as coisas que se deseja. No Brasil, é difícil para o pobre ganhar suficiente dinheiro com o próprio trabalho; por isso há uma simultaneidade da noção da crescente importância do dinheiro com a proposta de soluções afetivas e mágicas que minimizem sua escassez. No imaginário dos compositores, a mulher comparece como alguém que está sempre pedindo dinheiro ao homem, ou como alguém que o sustenta. Pode Guardar as Panelas, samba de Paulinho da Viola de 1979, encerra um período na música popular brasileira, pois, ao contrário de sambas de épocas anteriores que evitavam mencionar a palavra ‘dinheiro’, aqui se fala de sua escassez, associando-a diretamente à falta de comida.
O vil metal: O dinheiro na música popular brasileira
Tipo de Material
Artigo de Periódico
Autor Principal
Oliven, Ruben George
Título do periódico
Revista Brasileira de Ciências Sociais^l São Paulo^e Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais - ANPOCS ^d 1997
Volume
v.12, n.33
Idioma
Português
Palavras chave
Dinheiro
Música popular brasileira
Samba
Relações de gênero
Amor
Resumo
Referência Espacial
Brasil
Habilitado
Referência Temporal
Século XX
Localização Eletrônica
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