Os problemas urbanos não estão dissociados do processo de acumulação da atuação do Estado na distribuição dos benefícios gerados pelas sociedades. Aponta que o modelo de acumulação adotado levou à pauperização boa parte daqueles que levam adiante o processo produtivo e não apenas dos chamados grupos marginais. A questão da dilapidação da força de trabalho baseia-se no abundante reservatório de mão-de-obra e formas de dominação marcadas por relações de poder altamente autoritárias e discriminatórias. Vários aspectos da espoliação do trabalhador apoiam-se na expansão urbana de São Paulo que gera, pela especulação imobiliária, vazios urbanos e zonas dormitórios distantes. O Estado desempenha um papel importante na produção do espaço urbano e da segregação das camadas trabalhadoras. O investimento em serviços públicos transforma-se num poderoso elemento da especulação, filtrando as populações pobres para locais distantes do emprego, desprovidos de saneamento básico, onde a autoconstrução em loteamentos clandestinos é a solução para os problemas de moradia. Afirma que os problemas sociais tendem a se tornar questões públicas, atendidas pelo Estado, quando afetam as camadas dominantes ou, mais precisamente, quando se tornam entraves ao processo de acumulação. Se não houver uma articulação sólida e eficaz entre o político (partidos) e o social (reivindicações do trabalho e urbanas) os interesses dominantes continuarão a se impor de forma a realizar uma ordem capitalista de caráter não só excludente mas, também, marcadamente dilapidadora.
O Preço do Progresso: crescimento econômico, pauperização e espoliação urbana
Tipo de Material
Artigo de Periódico
Autor Principal
Kowarick, Lúcio
Título do periódico
Cidade, Povo e Poder,
Volume
pp.30-48
Ano de Publicação
1982
Local da Publicação
Rio de Janeiro ^b Paz e Terra
Idioma
Português
Resumo
Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
São Paulo
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo