O maníaco do parque: representações de gênero e a doença do agressor no discurso dos jornais Notícias Populares e Folha de S. Paulo

Esta proposta de trabalho está relacionada à minha pesquisa, em andamento no doutorado, A violência entre os sexos: imagens masculinas e femininas nas páginas dos jornais Folha de S. Paulo e Notícias Populares em 1998, sob orientação da Profª. Drª. Lucila Scavone. Partindo do pressuposto de que a indústria cultural, no Brasil, apresenta setores mais populares - com a predominância do grotesco - e setores mais eruditos, cujo objetivo é atingir um público heterogêneo, analisaremos, comparativamente, o discurso dos jornais Folha de S. Paulo, destinado às classes A e B, cuja tiragem é de 610 mil exemplares, e Notícias Populares, destinados às classes C, D e E, com tiragem de cem mil exemplares ao dia, ambos pertencentes à Empresa Folha da Manhã S.A. O tema da análise comparativa são as notícias veiculadas por esses dois jornais sobre o caso do maníaco do parque, Francisco de Assis Pereira, que estuprou e assassinou mulheres no Parque do Estado, na zona sudoeste de São Paulo, durante o ano de 1998. Interessa-me discutir a forma como os referidos jornais abordaram o caso, mais especificamente, as representações de gênero presentes nas matérias jornalísticas, em que a doença mental do agressor/homicida torna-se uma justificativa para sua sexualidade violenta, mascarando a histórica naturalização da sexualidade masculina ambivalente, e, assim, não permitindo, mais uma vez que ela seja problematizada.