O Cabeça de Porco, o mais famoso e um dos maiores cortiços cariocas, é considerado típico desta moradia popular, mas, na realidade, ele era uma exceção à regra pois a grande maioria das habitações coletivas eram pequenas, com menos de 10 quartos. No entanto, o Cabeça de Porco foi consagrado como um símbolo das habitações coletivas. Não porque apresentasse todas as suas características, mas porque se constituia num exemplar que concentrava todas os aspectos negativos, todos os vícios e defeitos que se procurava eliminar na habitação. Na busca de novas formas de morar baseadas nos princípios da higiene e da disciplina, o Cabeça de Porco foi eleito o modelo renegado, o padrão a ser eliminado como realmente o foi, em circunstâncias espetaculares que contribuíram para aumentar sua fama. Nestas notas, que procuram delinear aspectos desconhecidos de sua história, são abordados: uma etapa do processo de erradicação dos cortiços e da expulsão da população pobre das proximidades do centro da cidade; o empenho dos agentes do emergente capital imobiliário em obter terrenos em áreas valorizadas e sua articulação com o Estado; a propriedade privada enquanto limite de atuação dos órgãos de Higiene Pública; uma relação entre dois padrões de habitação popular: cortiço e favela.
Notas sobre o Cabeça de Porco
Tipo de Material
Artigo de Periódico
Autor Principal
Vaz, Lilian Fessler
Título do periódico
Revista do Rio de Janeiro,
Volume
v.1, n.2, jan./abr.
Ano de Publicação
1986
Local da Publicação
Niterói
Idioma
Português
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Cidade/Município
Rio de Janeiro
Brasil
Habilitado
UF
Rio de Janeiro