Educação, Trabalho e Violência: percepções, expectativas e sonhos dos jovens

O estudo apresenta uma análise das informações, comportamentos, percepções e expectativas de jovens brasileiros escolarizados a respeito da sua formação educacional e inserção no mercado de trabalho, em posições socialmente prestigiadas. Partindo da constatação que nas últimas décadas o Brasil apresentou uma profunda má distribuição de renda associada à elevados níveis de pobreza e que a recente estabilidade econômica criada pelo Plano Real não contribui para melhorar esse quadro, analisa-se as repercussões da concentração de renda na vulnerabilidade dos jovens, principalmente em relação à educação e ao trabalho. O trabalho busca decifrar quais são as expectativas dos jovens de diversas capitais brasileiras sobre o futuro profissional, confrontando seus sonhos e projetos com a realidade percebida sobre o mercado de trabalho, com base em recentes pesquisas desenvolvidas pela UNESCO/Brasil (i.e: Gangues, Galeras, Chegados e Rappers; Ligado na Galera, Escolas de Paz e Violências nas Escolas), sobre o tema Juventude, Violência e Cidadania. As informações sobre os jovens, suas percepções, expectativas e sonhos são originarias de grupos focais, entrevistas e pesquisas quantitativas que cobrem 14 capitais brasileiras. Evidencia-se que a exclusão social é profundamente sentida pelos jovens em geral, em muitos casos, limitando as expectativas profissionais à sobrevivência imediata e frustrando seus sonhos com profissões de nível superior, que exigem investimentos educacionais fora do alcance de grande parte dos jovens, em especial daqueles com menores renda. A descaracterização do trabalho com uma atividade construtiva, capaz de promover o sentimento de pertencimento social do jovem contribui para o agravamento da condição de vulnerabilidade desse jovem, possibilitando o fomento, em muitos casos, da violência e da criminalidade como alternativa aceitável de sustento.