Labirintos do tráfico: vidas, práticas e intervenções - em busca de saídas possíveis

Tipo de material
Livro Coletânea
Autor Principal
Rodriguez, Andrea
Ano de Publicação
2013
Local da Publicação
Rio de Janeiro ^b 7Letras
Página Final
196
Idioma
Português
Palavras chave
Tráfico de drogas
Favela
Representação
Estratégia de atuação
Resumo

Este trabalho consiste em um estudo exploratório com o objetivo de aprofundar o conhecimento acerca dos processos de ingresso e saída de jovens do tráfico de drogas. Teve uma orientação multidisciplinar tomando por base a Teoria das Representações Sociais. A preposição que sustenta a pesquisa parte do princípio de que representações hegemônicas reforçam ciclos de permanência no tráfico de drogas. De acordo com a Teoria das Representações Sociais, representar significa construir realidade sobre o que nos cerca, para entender e agir no social. Com efeito, a compreensão e a sistematização dos problemas e soluções identificadas junto a jovens ex-integrantes do tráfico e profissionais da rede de suporte podem servir de base para proposições no campo da intervenção direta junto aqueles que necessitam de suporte em seus processos de ruptura com as redes do ilícito. A metodologia utilizada baseou-se na observação participante, com a realização de entrevistas semi-estruturadas com ex-integrantes do tráfico e profissionais; e análise de conteúdo categorial temática. Identificamos que o processo de entrada no tráfico é visto por seus protagonistas como resultado de uma articulação de fatores que envolvem o desejo de consumo, poder, visibilidade e pertencimento grupal, além das dificuldades vividas com a família. O campo representacional sobre o tráfico, fortemente compensatório e ancorado em imagens que afirmam somente os ganhos no momento da entrada, se expande e se modifica a partir da experiência. A mudança na representação reflete a tensão entre os ganhos e as perdas do tráfico (traições, violência, restrita territorialidade, risco de vida). A existência de uma rede de apoio composta por familiares, pessoas da comunidade e instituições que ampliam as perspectivas destes jovens vêm a somar e contribuem com a saída. O descrédito e o preconceito que vivenciam após o afastamento se tornam dificuldade a ser vencida, junto com a construção de uma existência pautada em novos valores e práticas. Os resultados confirmam que o olhar hegemônico lançado sobre jovens inseridos no tráfico contribui para que eles se sintam cada vez mais rejeitados pela sociedade, vistos somente como ameaça, desumanos e sem saída. O resultado desse conjunto de representações e práticas reforça uma vida marcada pela condição de inferioridade que se reproduz na dificuldade em buscar novos caminhos, mesmo quando contam com algum tipo de apoio. Por outro lado, o olhar dos profissionais envolvidos com o processo de prevenção e suporte à saída do tráfico, pautado em formas contra-hegemônicas de enxergar o tráfico e o jovem traficante a partir de uma abordagem positiva e dinâmica, que acredita na mudança e considera a história de vida para além do crime, se relaciona com estratégias de intervenção que buscam superar obstáculos e romper os ciclos de permanência de jovens nas redes de ilícito. Ele aponta para maiores possibilidades de apoio e manutenção destes jovens fora da vida do crime.

Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
Rio de Janeiro
Brasil
Habilitado