O presente artigo se origina de pesquisa realizada entre 2020 e 2022 no Conjunto Jardim União, localidade da cidade de Fortaleza-CE, Brasil. Partindo da história local, apresentamos o Conjunto como um caso possível de produção das cidades, entremeado a lógicas de ocupação articuladas a um passado colonial e a atualização de mecanismos de manutenção das desigualdades operados com base na noção de raça. Através de um exercício reflexivo de caracterização desse espaço enquanto bairro negro e quilombo urbano, consideramos os rendimentos teórico-analíticos ao se levar em conta a formação das cidades sob o prisma das experiências raciais. Explorando temas e problemas pouco trabalhados sob outras perspectivas, pretendemos contribuir para um olhar complexo e sensível em torno das territorialidades negras, indicando linhas de força que operam sobre ações políticas e formas de ordenamento.