Este relato se refere ao bairro São Geraldo em Pouso Alegre/MG, parte da interação com mulheres que bordam, costuram e sonham no lugar. A localização central do São Geraldo, apesar de favorável na cidade, equivale a uma área precarizada pelo processo de urbanização que se apresenta com certo atraso no bairro, comprometendo sua funcionalidade, estética e o uso de seu espaço urbano. O (re)conhecimento do aspecto plural existente no lugar passa por seus sujeitos, seus espaços e pelas relações cotidianas. O texto tem como objetivo apreender experiências do bairro São Geraldo a partir de mulheres que bordam e costuram nele. Justifica-se pela importância de localizar a potência da cultura em meio ao discurso de desenvolvimento adotado pela cidade, gerando subsídios para ações sociopolíticas e fomentando a pesquisa e extensão acadêmica. A metodologia pautada na etnografia do bordado, proposta por Pérez-Bustos e Piraquive (2018), demonstrou no decorrer dos encontros com mulheres habitantes do bairro a possibilidade de trocas em meio ao fazer manual, revelando camadas antes ocultas ou pouco mencionadas sobre o lugar.