Partindo da evidência que o ambiente urbano e seus procedimentos de planejamento aglutinam coletivos humanos e não-humanos em suas várias ordens, ressalta-se como questão neste trabalho a presença cada vez maior dos dispositivos tecnológicos de vigilância na dinâmica das cidades. Tomando como eixo o referencial teórico de Redes Sociotécnicas, que se debruça justamente sobre o tema da produção de coletivos híbridos – essas misturas de sociedade, natureza e técnica – investigou-se em que medida este tipo de abordagem poderia contribuir para a compreensão das formas contemporâneas de sociabilidade e subjetividade produzidas como efeito desta rede. Entendendo que cada sujeito traduz a rede diferentemente, buscou-se evidenciar as diferentes versões que compõem especificamente essa controvérsia tecnocientífica e suas ressonâncias. A partir da questão principal da vigilância, foram propostos como eixos temáticos a serem aprofundados as experiências (1) da segurança – que articula questões como a violência, o medo e a confiança; e (2) da visibilidade – e os sentidos propiciados de liberdade, intimidade e privacidade. Como estratégia de pesquisa, propôs-se a escolha de uma dada fração urbana monitorada por câmeras para a realização de uma cartografia segundo três momentos: gênese, situação atual e visão de futuro. O local de realização da pesquisa foi o município de Guarujá, litoral do estado de São Paulo, uma das cidades pioneiras no que se refere à vigilância por câmeras. Como eixos de “coleta de dados”, a pesquisa foi conduzida no sentido de evidenciar as diferentes traduções em dois níveis: práticas e discursos. No âmbito das práticas, observações de caráter etnográfico foram empreendidas. Quanto aos discursos, tentou-se coletá-los através das mais variadas fontes, tais como contribuições científicas e artísticas, reportagens veiculadas na mídia, documentos e, principalmente, entrevistas com os atores da rede. Foram entrevistados moradores do município, visitantes, os responsáveis pelo projeto de monitoramento e seus operadores. Para analisar o material reunido, o método utilizado foi o de “Análise de Controvérsias”, cujo mote é seguir os atores na rede, de modo a evidenciar o jogo de forças envolvido nas diferentes apropriações e no processo de estabilização da rede. Ao final, ficou evidente que as decisões acerca destes dispositivos de vigilância são tão técnicas quanto políticas, o que faz de seu percurso um traçado de constante negociações e embates, nos quais as possibilidades e os papeis jamais estão estabelecidos de antemão.
Redes e vigilância: uma experiência de cartografia psicossocial
Tipo de material
Dissertação Mestrado
Autor Principal
Castro, Rafael Barreto de
Sexo
Homem
Orientador
Pedro, Rosa Maria Leite Ribeiro
Ano de Publicação
2008
Local da Publicação
Rio de Janeiro
Programa
Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social
Instituição
UFRJ
Página Inicial
1
Página Final
177
Idioma
Português
Palavras chave
vigilância
redes sócio-ténicas
cartografia
Resumo
Disciplina
Área Temática
Referência Espacial
Cidade/Município
Guarujá
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
N/I
Localização Eletrônica
http://objdig.ufrj.br/30/teses/RafaelBarretodeCastro.pdf