Da serialidade à institucionalização: Um estudo do movimento de um grupo que se afirma e se nega na (des)construção do ser favelado

Resumo: Esta pesquisa utiliza a dialética como método de investigação e estuda a trajetória de um grupo de favelados, de 1977 a 1990, que se transforma em sujeito da ação mobilizando-se para resistir, no cenário da cidade de Piracicaba, a política habitacional da administração municipal. Esta política previa a remoção dos moradores para regiões distantes do centro da cidade. O agrupamento instituiu-se como grupo ao organizar-se para elaborar e implementar um projeto de urbanização de favelas integrando-as aos bairros em que se localizam. Neste processo de (des)construção do ser favelado que materializa um projeto individual e coletivo, os atores superam, na convivência grupal, a relação alienada do "eu" e "tu", na qual vivem a solidão e o isolamento da serialidade e constroem formas de vida comunitária na relação do "nós favelados" e "nós trabalhadores favelados". O movimento grupal, que transforma o "eu e tu" em "nós", é analisado sob o prisma das categorias sartreanas da serialidade, fusão da serialidade, juramento, organização e institucionalização que são considerados como momentos do processo grupal.