O Afoxé Filhos de Gandhi foi fundado no Rio de Janeiro em 1951 inspirado no Ijexá Filhos de Gandhy, bloco carnavalesco criado dois anos antes em Salvador (BA) e que se apresentava recreativamente tocando o ijexá, cantando em iorubá e dançando coreografias dos orixás. O termo afoxé foi adotado em alusão às saídas religiosas onde filhos de santo dispostos em cortejo depositavam oferendas em mares, rios e matas, sendo o bloco por isso também chamado de “candomblé de rua”.
Durante trabalho de campo realizado entre dezembro de 2007 e novembro de 2009, além dos desfiles carnavalescos acompanhei apresentações do Gandhi no dia da Consciência Negra, no dia do Samba e nas festas dedicadas à Iemanjá (Guimarães, 2014). Seus integrantes moravam majoritariamente em bairros afastados da área central da cidade, eram das camadas populares e trabalhavam como autônomos ou prestadores de serviços. Era através da articulação de suas casas de candomblé que eles movimentavam uma intensa troca de dádivas e contradádivas com orixás, governantes, comerciantes, movimentos sociais e população em geral.