A cidade na Primeira República: imprensa, política e poder em Piracicaba

O trabalho analisa a construção do poder político em Piracicaba na Primeira República em meio às disputas entre as facções locais e às tensões sociais decorrentes da urbanização e da formação do mercado de trabalho livre. Considerando a estrutura de poder na Primeira República que se consolida através do pacto das oligarquias estaduais e da exclusão das camadas pobres da população das decisões políticas, a construção do poder local é apreendida a partir de três fontes de intervenção das elites políticas, a saber, a imprensa, a cidade e o poder público. Levando-se em consideração a conjuntura internacional do período, identificam-se principalmente dois eventos de repercussões profundas na vida nacional que norteiam a atuação das elites políticas na esfera pública, a saber: a) A II Revolução Industrial e os desafios colocados ao Brasil, em função de sua inserção na divisão internacional do trabalho que se traduziam nas ações saneadoras e segregadoras das administrações públicas nas cidades e suas populações. Em Piracicaba, esta proposição se consolidou na administração modelo do PR Piracicaba; b) A 1ª Guerra Mundial e o alerta que faz às nações, em especial às periféricas, no sentido da construção de suas identidades nacionais e na busca das referências do "progresso". Em Piracicaba este alerta se traduz na busca pela projeção da cidade como referência do progresso, consubstanciada no bairrismo piracicabano. Esse processo de construção do poder das elites políticas locais se fez em meio a tensões de ordens diversas, potencializadas pelo processo de urbanização, e em que pese a proposição excludente, não conseguiu eliminar ou até controlar a ação das populações pobres que atuaram nas cidades construindo espaços alternativos de sobrevivência e sociabilidade.