Desigualdades Socioespaciais no Município do Rio de Janeiro: um foco na Região Administrativa de Vigário Geral

A pesquisa analisa a desigualdade socioespacial no Rio de Janeiro, particularizando o espaço da Região Administrativa de Vigário Geral, com base na trajetória histórico-geográfica de construção destes espaços e na análise geoquantitativa interescalar (município, Região Administrativa, bairro e favela) e multidimensional (indicadores socioespaciais). Fundamenta-se nas recomendações que apontam a importância de estudos sobre desigualdade e segregação nos espaços urbanos, elaborados a partir de um olhar interescalar e multidimensional, com vistas à captura das particularidades em curso nos espaços analisados. O método é uma combinação do geográfico, do cartográfico, do estatístico e do estatístico espacial. O estudo mostra, através da trajetória histórico-geográfica da construção da Cidade do Rio de Janeiro e da Região Administrativa de Vigário Geral, e de estatísticas (mapas, tabelas, gráficos) em diferentes escalas e para diferentes indicadores, o processo de construção, a quantificação e a espacialização das desigualdades socioespaciais nos dois recortes territoriais. As análises de construção histórico-geográfica evidenciam a trama complexa de fatores físicos, políticos, sociais e econômicos determinantes para a construção das desigualdades socioespaciais na Cidade e na RA Vigário Geral. As análises geoquantitativas desvendam a intensidade e o padrão da distribuição espacial da desigualdade para cada dimensão analisada. O Rio de Janeiro, como era esperado, se mostra uma cidade desigual social e territorialmente, evidenciando diferentes clivagens socioespaciais. Os indicadores socioeconômicos revelam a forte tendência regional do município, com os melhores valores na zona sul e na porção centro-leste, e os mais baixos ao norte e noroeste. As análises de Vigário Geral comprovam a existência de um quadro de carências múltiplas. Todas as dimensões analisadas apresentam indicadores inferiores aos da Cidade. O distanciamento social e geográfico da Cidade se reproduz, mas ambas as distâncias diminuem consideravelmente. As análises mostram ainda que o território da região é caracterizado por alto grau de vulnerabilidade ambiental, alta densidade demográfica, elevado índice de favelização, escassez de bens e serviços, reduzidos níveis de investimentos e baixos indicadores socioeconômicos.