Pesquisa Bibliográfica

  • Bocchi, Gabriel Moreira Monteiro

    Neste relato de campo, elaborado a partir de etnografia realizada por mim em interação com os integrantes de uma banda de rock da cidade de São Paulo, o Dance of Days, em que estive em shows desta banda entre fevereiro e junho de 2014, em locais de características distintas entre si, na cidade de São Paulo. A partir destes eventos, do diálogo com distintos sujeitos deste campo e de entrevista realizada com um dos membros da banda, aciono a categoria analítica circuito com as categorias nativas banda independente e do it yourself, realizando alguns apontamentos sobre as estratégias desta banda para se manter em atividade constante.

  • Tonini, Marcel Diego

    Este artigo apresenta algumas reflexões iniciais da minha pesquisa de doutorado, que versa sobre a e/imigração de futebolistas brasileiros e o racismo no futebol europeu a partir de 1987. Valho-me, para tanto, de alguns excertos de uma entrevista que realizei com o ex-atleta Paulo Sérgio Silvestre do Nascimento, destacando e discutindo os seguintes temas: ida, adaptação, relacionamento profissional e experiências diversas vividas na Europa; retorno ao Brasil e readaptação cultural; e racismo e situações pessoais de discriminação. Ao final, faço considerações sobre o trabalho com histórias de vida e concluo dizendo que os ex-futebolistas, tomando por base a vivência na Europa, tendem a fazer uma avaliação positiva das relações raciais no Brasil, bem como das nossas identidades culturais.

  • Almeida Filho, Paulo Gomes de
  • Zanoli, Vinícius Pedro Correia

    Esta pesquisa contribui para o conhecimento acerca de ações coletivas no Brasil contemporâneo a partir da análise das articulações entre estruturas de oportunidades, enquadramentos políticos, redes de relações e repertórios de atuação de ativistas. A etnografia focaliza as relações estabelecidas ao longo de 20 anos por um grupo ativista, o Aos Brados!!. Desde Campinas, metrópole situada no interior do estado de São Paulo, o grupo atua na intersecção entre movimentos LGBT, negros, populares e de periferia. Esse olhar para as relações situa a trajetória do grupo e a dos atores com os quais se relaciona frente a mudanças que se dão, em âmbito nacional, na estrutura de oportunidades – permeabilidade do Estado a demandas oriundas de movimentos sociais e desenvolvimento de ferramentas de participação socioestatal, reconhecimento estatal, democratização da internet e do acesso ao ensino superior – e nos enquadramentos produzidos no interior dos campos discursivos de ação que articulam diversos movimentos sociais. Além disso, analisa, por meio da trajetória do grupo Aos Brados!! e de sua principal liderança, o modo como tais atores produzem, no cotidiano da política em âmbito municipal, apostas políticas que acionam determinados repertórios de atuação. A etnografia mostra os vínculos entre estruturas de oportunidades, repertórios e enquadramentos, mas salienta a importância das redes de relações em fazer circular convenções e repertórios que resultam nas apostas políticas efetivamente empreendidas pelo grupo. A metodologia articula observação participante, análise documental e entrevistas em profundidade. A fim de evitar delimitações arbitrárias da rede de relações, o procedimento adotado foi seguir as relações da mais antiga e conhecida liderança do grupo, o que possibilitou atravessar fronteiras entre porções de uma teia constituída por relações entre atores políticos tão variados quanto gestores de políticas públicas, vereadores, sindicatos, partidos políticos, casas de cultura, clubes sociais, coletivos jovens, terreiros de umbanda e candomblé e ONGs, e que atuam em temáticas diversas, mobilizando repertórios distintos.

  • Fernandes, Raquel Brum

    Estudos sobre grupos jovens de camadas médias do Rio de Janeiro têm já há alguns anos indicado que a construção das identidades nesses grupos não se dá de forma imediata ou definitiva. Suas trajetórias seriam, ao contrário, formadas por momentos, “cenas”, alternâncias e combinações em diversas áreas como os relacionamentos amorosos e as práticas de lazer. No que diz respeito às análises sobre as juventudes cariocas de camadas populares, entretanto, especialmente as faveladas, são constantemente destacadas as peculiaridades da vida social em territórios de pobreza, especialmente naqueles “governados” por organizações traficantes, que acabariam assumindo um papel determinante na trajetória biográfica desses jovens. Tal reflexão tem incitado, já há vários anos, o desenvolvimento de iniciativas que buscam “orientar” jovens pobres na construção de trajetórias biográficas consideradas legítimas. Assim, surgiram os “projetos sociais”, os quais se multiplicaram pelas áreas carentes da cidade (especialmente favelas e que possuem maior atenção midiática) objetivando oferecer “outras expectativas” e perspectivas de vida aos jovens favelados. Dentro da proposta das Unidades de Polícia Pacificadora, que pretende promover a devolução das favelas ao Estado e do Estado às favelas, o desenvolvimento desses “projetos sociais” destinados às juventudes carentes, ganha uma importância ainda maior, já que a sedução desses jovens por atividades lícitas e educativas, seria fundamental para que a “pacificação” se efetivasse. Minha pesquisa se desenvolveu nas favelas que compõem o chamado “Complexo do Andaraí/Grajaú” e buscou compreender o lugar atribuído aos jovens locais pelos gestores dos “projetos sociais” que se desenvolveram no território como complemento e sequência à instalação da UPP. Procurei também evidenciar as relações dos referidos jovens com tais projetos e a percepção sobre a importância atribuída a sua categoria para a consolidação da política de segurança. De forma geral, o que a análise das entrevistas com os jovens revelou foram projetos de futuro incertos, que podem incluir a construção de carreiras formais e socialmente valorizadas em áreas como medicina ou direito, sem que isso implique em planos em curto prazo de retornar à escola ou fazer vestibular. Quanto ao envolvimento dos jovens nos “projetos”, muitos dizem gostar de frequentar as aulas e atividades, mas apenas em alguns casos isso parece despertar ou influenciar planos profissionais em longo prazo. Quanto às entrevistas com gestores dos projetos, destacou-se uma inquietação dos mesmos em relação ao não interesse da juventude das favelas do Andaraí/Grajaú em participar das atividades. Esse desinteresse seria, segundo os gestores, problemático em si mesmo, sem necessariamente significar um envolvimento dos jovens com atividades criminosas. Evidenciou-se uma falta de percepção por parte dos “projetos sociais” dos diversos (des) interesses e escolhas operados também pelos jovens das camadas populares.

  • Frangella, Simone Miziara
  • Almeida Junior, Jose Simões de

    O objetivo da pesquisa foi realizar uma reflexão crítica sobre o espaço teatral na cidade de São Paulo, pelo viés da Geografia, no período de 1999 a 2004, utilizando como referenciais teóricos Anne Ubersfeld e Milton Santos. O tema foi investigado a partir da hipótese de que a natureza do lugar teatral é ser um agente, uma espécie de mídia definidora do processo teatral, em sua relação com as políticas culturais do período (Lei de Incentivo à Cultura, Lei do Fomento ao Teatro e implantação de salas de teatro nos CEUs), e com os Guias de Teatro da cidade (jornais Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo). Foi elaborado um banco de dados com informações acerca desses lugares e da sua relação com os respectivos Guias de Teatro, na cidade de São Paulo, no período de 1999 a 2004. O lugar teatral revelado na cartografia que surgiu das informações desse banco de dados caracterizou-se como múltiplo; fortemente ligado ao distrito central da cidade; com tendência à polarização entre as salas pequenas e grandes; forte ação do teatro de grupo na criação de novos espaços; e propriedade, na sua maioria, privada. A partir destes dados, discutiu-se a crise do edifício teatral e a importância da atividade Teatro se vincular social e culturalmente ao lugar geográfico. Definiu-se, o lugar teatral pela noção de uso - na forma de um território vivido - e não pela arquitetura do edifício que ocupa.

  • Streapco, João Paulo França

    Nos últimos anos, os estudos sobre a prática do futebol no Brasil se avolumaram em diversas áreas do saber. Compreendido como um fenômeno de largo alcance social, o futebol que antes era desprezado pela intelectualidade, tornou-se espaço privilegiado para a compreensão de diversos fenômenos sociais correlatos. Não obstante ao desenvolvimento dessas pesquisas, diversas fontes documentais produzidas pelo universo futebolístico ao longo do século XX, ainda não tinham sido analisadas com rigor sistemático. Assim, esse trabalho ao se inserir em um contexto de renovação historiográfica denominada Nova História Cultural, busca compreender algumas facetas da sociedade paulistana que estiveram presentes em seus principais campos, equipes e estádios de futebol no período estudado (1894-1942). A formação de um circuito de praticantes e simpatizantes, a intervenção do poder público, a construção de campos e estádios, o surgimento dos três principais clubes de futebol da cidade, as disputas pelo controle das rendas geradas pelo espetáculo e sua profissionalização, mostraram-se como excelentes fontes documentais para a compreensão da complexidade do processo de modernização ocorrido em São Paulo e suas consequências para seus habitantes, no período abarcado pela pesquisa.

  • Silva, Adriano Queiroz da

    Os estudos de gênero têm trazido importantes contribuições sobre as questões sociais de sexo e sexualidade. Neste amplo cenário de debate que envolve as reflexões acerca de desigualdades, lutas por direitos e reconhecimento, os estudos feministas desvelaram que “questões de gênero” não querem dizer “estudos sobre mulher” e sim produções, tensões sociais e culturais em torno do sexo/gênero, feminino/masculino e mulher/homem, propondo a desnaturalização destes conceitos e seus desdobramentos. Sendo assim, esta pesquisa trata das masculinidades não hegemônicas com recorte específico em homens cisgêneros parceiros sexuais e/ou afetivos das travestis e transexuais de São Paulo e região metropolitana. Foram mapeados grupos de Facebook, observados grupos de WhatsApp e realizadas entrevistas usando questionário semiestruturado, tanto pessoalmente quanto online, com foco em dois eixos principais: a) as narrativas e b) relações sociais e visibilidade. Esta pesquisa teve como objetivo verificar como os homens cisgêneros entrevistados têm construído e lidado com suas masculinidades diante do desejo sexual e das relações afetivas com as travestis e mulheres transexuais e analisar masculinidades não hegemônicas e/ou marginalizadas; analisar heterossexualidades não hegemônicas e conhecer contexto de sociabilidade.

  • Pasini, Elisiane Nelcina
  • Silva, Katiene Nogueira da

    Como a prática de uso dos uniformes escolares se configurou nas escolas públicas do estado de São Paulo entre os anos de 1950 a 1970? Este trabalho procura contribuir para a compreensão do modo pelo qual os uniformes escolares foram retratados pela imprensa educacional, seja mediante artigos assinados por autores prestigiados pelo campo, seja pelas propagandas que intercalavam os textos em questão. Pretende ainda examinar a percepção dos alunos acerca dos uniformes escolares por meio do estudo do jornal escolar e as prescrições relacionadas ao uso deste vestuário nos manuais pedagógicos. Além disso, a legislação educacional vigente no período estudado complementa a análise. O período estudado compreende a época de expansão da escola pública no estado de São Paulo, quando as oportunidades de educação pública passaram a estender-se a significativas parcelas da população que antes estavam à margem deste processo. Busca-se com esta pesquisa identificar como a obrigatoriedade material de uso dos uniformes acompanhou a oferta de vagas à população mais carente de recursos. Ainda foi necessário buscar compreender um quadro geral acerca da história da educação no Brasil no período, de modo a conhecer os eventos que marcaram a história nacional e acabaram por influenciar as políticas públicas educacionais. O trabalho está dividido em três partes: a primeira parte é composta pela "Apresentação", na qual são descritos os objetivos da investigação e por um primeiro capítulo intitulado "Modos de Produção do Trabalho", em que são apresentadas as fontes consultadas e a forma como as mesmas foram exploradas e incorporadas ao estudo. A segunda parte traz considerações acerca da história da educação e elementos acerca da história do vestuário, constituindo o capítulo II. A terceira parte apresenta a análise do uniforme escolar enquanto objeto de estudo histórico a partir do exame das fontes e é constituída por quatro capítulos: III "Decentemente trajados e com asseio"; IV "Criança Calçada, Criança Sadia!"; V "A professora não deve ir para a aula nem vestida de 'andar em casa', nem como se fosse para uma festa"; VI "Deveres do bom aluno: capricho, ordem e limpeza"; e um esforço de síntese busca retomar os principais elementos explicativos a que se chegou, sob a forma de "Considerações finais".

  • Leal, Eduardo Martinelli
  • Santos, Rosana Aparecida Martins

    Tomando como ponto de partida os agrupamentos juvenis no cenário contemporâneo, este estudo discute a cena urbana atual e as políticas públicas endereçadas aos jovens, através da dinâmica comunicacional marcada pelos membros da Aliança Negra Posse e Núcleo Cultural Força Ativa, ambos pertencentes ao distrito Cidade Tiradentes, zona leste da cidade de São Paulo. Este estudo tem como foco central à análise das formas estabelecidas pelos jovens periféricos em relação ao espaço de sociabilidade e às formas de representação. Ou seja, de que forma os membros expressam as saídas para os diversos conflitos presentes no cotidiano, e como cristalizam a idéia d renovação do espaço e das próprias relações sociais.

  • Mauricio Bacic Olic
  • Albernaz, Elizabete Ribeiro

    Gerada no âmbito do conturbado relacionamento entre a polícia e as camadas pobres urbanas cariocas, fortaleceu-se no debate público sobre segurança uma concepção de mal como anomalia social, um lugar ocupado hoje majoritariamente pela figura do tráfico de drogas e da violência urbana em geral. Em um campo semântico altamente maniqueísta, o traficante encarnaria o poder nefasto e desagregador das forças do mal, que estabelecem o caos social, em oposição encontrar-se-iam os policiais, representantes dos esforços do bem em restabelecer a ordem pública. Na prática, entretanto, sabe-se que essas dicotomias não se sustentam com clareza, servindo apenas para polarizar discursos e atitudes em torno do tema. Analisando as políticas de segurança pública adotadas pela gestão estadual desde 1983, pode-se perceber que a demonização do crime tem sido utilizada como embasamento ideológico para uma série de violações perpetradas contra segmentos marginalizados da sociedade, como os moradores de favelas e periferias. As ações arbitrárias e violentas da polícia acabam sendo legitimadas pelo medo de uma sociedade que erigiu a segurança pública como um fim em si mesmo, independente dos meios e custos humanos. Para os policiais militares evangélicos, o imperativo de trilhar o caminho da salvação em um campo impregnado de maniqueísmos tende a submeter os sujeitos a um amplo espectro de tensões entre suas opções religiosas e condutas profissionais concretas. Os riscos, perigos e tentações do cotidiano do policiamento apresentam-se para estes atores como reflexo da guerra ontológica entre as milícias celestes e as odes demoníacas, cujos desdobramentos atualizar-se-iam nas escolhas sobre os procedimentos adotados em cada ocorrência concreta atendida. Revelada pela conversão, essa realidade transcendente parece informar a construção de padrões éticos evangélicos de atuação policial, em que os conflitos cotidianos são encaminhados como expressões visíveis da influência nefasta do demônio, responsável pelo crime, devassidão e toda sorte de comportamentos socialmente reprováveis.

  • Hilgemberg, Tatiane

    Apesar da maior espetacularização e maior cobertura midiática do esporte para pessoas com deficiência, está claro para nós que há pouca literatura científica nas ciências sociais relacionada diretamente à análise da “midiatização dos atletas com deficiência”. Nosso estudo tem como objetivo tentar dar um panorama de como esses atletas foram representados fotograficamente e discutir as possíveis diferenças entre a representação de homens e mulheres em quatro jornais brasileiros durante os Jogos Paralímpicos de 2012. Foi possível determinar que o atleta com maior visibilidade na imprensa é do sexo masculino com uma deficiência física, e cujo corpo é apresentado em sua totalidade nas páginas dos jornais.

  • Almeida, Iara Lalesca Calazans de

    O trabalho objetiva colaborar com as reflexões sobre os fluxos migratórios internos. Na pesquisa realizada, a atenção se volta à cidade de Américo Brasiliense, interior do estado de São Paulo, onde a migração nordestina tem predominância. Por intermédio da categoria baiano, articulada pelos moradores de Américo Brasiliense para qualificar a dinâmica migratória do município, estabelecemos que a narrativa hegemônica sobre a migração nordestina – imersa na categoria baiano – seria o ponto de partida para a construção da pesquisa. Percebemos que a migração na cidade não está restringida a valores numéricos e apresenta aspectos de um problema nacional. A migração carrega, em sua funcionalidade e nas narrativas desenvolvidas, sistemas de poder, condicionando paradigmas na construção do outro em que pode levar à estigmas, estereótipos e exclusão, provocando resultados perniciosos aos grupos diretamente atingidos. A invenção do Nordeste e da população deste espaço é um exemplo notável deste problema.

  • Duarte, Adriano Luiz

    Este texto problematiza o surgimento dos Comitês Democráticos e Populares (CDPs) e das Sociedades Amigos de Bairro (SABs), no final do Estado Novo, e procura compreender suas conexões com os novos partidos e as novas lideranças políticas surgidas no contexto do pós-guerra. Argumenta, também, que é por conta desses nexos que tais movimentos sociais foram desconsiderados, por muitas décadas, como objetos de estudo.

  • Lage, Marcus Vinicius Costa

    A presente tese tem como objetivo investigar os fatores que contribuíram para a inadmissão do América Futebol Clube, de Belo Horizonte, no restrito grupo dos grandes clubes do futebol brasileiro. Para tanto, parte-se da premissa de que a grandeza de um clube de futebol no Brasil é auferida não apenas pelos resultados obtidos nas competições disputadas e/ou pelo tamanho de sua torcida, mas também pelo sistema de representações simbólico articulado em torno dele, capaz de produzir sentimentos de afeição e repulsa tão caros às competições esportivas. Nesse sentido, a hipótese central desta pesquisa é a de que a identidade elitista atribuída ao América, valorizada e legitimada por seus torcedores a partir de uma narrativa memorialística ambivalente, denominada aqui como “mito da decadente aristocracia americana”, tem sido uma das responsáveis por colocar o clube à margem do jogo de representações simbólicas da capital mineira, dominado pelos pretensamente populares Clube Atlético Mineiro e Cruzeiro Esporte Clube. Como forma de atestar o status de memória coletiva dominante, essa mitologia é identificada e analisada neste trabalho a partir de diferentes momentos e documentos históricos, desde cânticos e publicações virtuais da torcida americana a campanhas de marketing do clube, passando por textos jornalísticos e manifestações historiográficas oficiais sobre o América. Mas, contraposta às fontes históricas do contexto a que se refere, essa narrativa evidencia uma série de silenciamentos e seleções do passado americano – um típico trabalho de enquadramento da memória. Dessa maneira, constata-se, ainda, que, muito embora esse mito esteja ambientado nos anos de 1920, 1930 e 1940, o seu processo de constituição, formalização e oficialização coincidiu com importantes momentos de disputa pela hegemonia político-administrativa do clube na segunda metade do século XX e no início do novo milênio.

  • Schörner, Ancelmo

    "Esmolar em Jaraguá do Sul não dá pé”, “Não estamos acostumados a isso”, “O sonho virou pesadelo”. Estas são expressões que encontramos em jornais de Jaraguá do Sul/SC e região desde os anos de 1990 e são resultado de uma intensa veiculação de propagandas e discursos negativos sobre os migrantes. Entre 29/09/2003 e 31/10/2003 pesquisamos no Arquivo Histórico Municipal de Jaraguá do Sul Eugênio Victor Schmockel em 4.177 jornais com datas de edição entre 1969 e 2003. Em nossa pesquisa o objetivo era analisar como a imprensa local e regional tratava as questões da migração. Os dados coletados possi­bilitaram não apenas reconstituir em suas grandes linhas a História de Jaraguá do Sul de um determinado período, como também apreender a problemática da migração.