TRAUMA E HISTÓRICO DE VITIMIZAÇÃO NA ESCOLA: UM ESTUDO RETROSPECTIVO COM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Tipo de material
Tese Doutorado
Autor Principal
De Albuquerque, Paloma Pegolo
Sexo
Mulher
Orientador
Lucia Cavalcanti de Albuquerque Willams
Ano de Publicação
2014
Local da Publicação
São Carlos
Programa
Psicologia
Instituição
UFSCAR
Página Final
253
Idioma
Português
Palavras chave
violência escolar
experiências escolares
trauma
transtorno de estresse pós-traumático
validação de instrumentos
Resumo

A vitimização escolar pode favorecer a ocorrência de sintomas traumáticos, como de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). A presente Tese de Doutorado teve os seguintes objetivos: buscar evidências de validade de conteúdo e de constructo do instrumento retrospectivo norte-americano Student Alienation and Trauma Survey – R (SATS-R), para o Brasil; caracterizar como a violência se expressa na escola, identificando os principais tipos de violência, as piores experiências escolares vivenciadas por estudantes, a frequência e a duração desses eventos, os agressores principais, bem como as características das vítimas (idade, série e tipo de escola); investigar a ocorrência de sintomas traumáticos, principalmente TEPT, nos estudantes, após a vivência da pior experiência escolar; analisar a associação dos sintomas de TEPT a variáveis relacionadas à pior experiência escolar; e investigar o relacionamento de variáveis explicativas (características do indivíduo e das experiências escolares aversivas vivenciadas) e o desenvolvimento de sintomas de TEPT, por meio de um modelo de regressão logística ordinal. Participaram do estudo 691 estudantes (54,8% do sexo feminino e 45,2% do masculino), de uma universidade pública do interior do estado de São Paulo, que responderam a versões brasileiras dos instrumentos Student Alienation and Trauma Survey e Post-Traumatic Stress Disorder Checklist – Civilian Version (PCL-C). Para a validação de conteúdo, foram feitas: tradução, retrotradução, equivalência semântica, análise do instrumento por profissionais da área e avaliação por amostra da população alvo; para a validação de constructo foi realizada análise fatorial exploratória e cálculo do alfa de Cronbach do instrumento. Os resultados do estudo apontaram para a viabilidade da utilização do instrumento no contexto brasileiro para fins de pesquisa. A frequência dos tipos de vitimização relatados pelos participantes foi: violência relacional (ao menos um item relatado por 85,2%), violência verbal (77,7%) violência física (50,8%), disciplina injusta (43,1%), violência contra o patrimônio (33,4%), presenciar violência (27,9%) e violência sexual (21,4%). Os tipos de piores experiências mais frequentes descritos foram violência relacional (35,7%) e verbal (27,4%). As meninas sofreram mais episódios de violência verbal, relacional e sexual e os meninos violência física e disciplina injusta, sendo que os agressores foram, em sua maioria, estudantes e do sexo masculino. A idade média de ocorrência das piores experiências foi 12,3 anos e, embora a maior parte dos eventos tenha ocorrido em baixa 14 frequência e com curta duração, porcentagem considerável dos participantes apontou duração de “anos” nos casos de vitimização verbal e relacional, principalmente. A maior parte dos participantes apontou ter se incomodado muito com a pior experiência escolar, sendo que 7,8% apresentaram indicação de TEPT após a vivência dessa experiência. A porcentagem de participantes com escores clinicamente significativos nas subescalas variou de 4,7% (sintomas somáticos) a 20% (hipervigilância), sendo frequentes sintomas comumente descritos na literatura como depressão, desesperança, dificuldades cognitivas e rememoração do evento traumático. As variáveis significativas para o modelo de regressão realizado foram: idade, duração e incômodo após a pior experiência, violência relacional e violência verbal. De forma geral, quanto maior o incômodo do estudante, maior a duração da experiência, maior a idade e quanto mais eventos vivenciados de vitimização relacional e verbal, maior a possibilidade de apresentação de sintomas clinicamente significativos de TEPT. Apesar das limitações da metodologia retrospectiva, foram obtidos resultados interessantes que coincidem com a literatura, chamando a atenção para os efeitos a longo prazo da vitimização escolar. Além disso, o estudo pode contribuir para o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema, bem como oferecer parâmetros de tratamento às vítimas que apresentem sintomas decorrentes de experiências traumáticas na escola, podendo aprimorar, também, programas de prevenção à violência escolar.

Disciplina
Referência Espacial
Cidade/Município
São Carlos
Macrorregião
Sudeste
Brasil
Habilitado
UF
São Paulo
Referência Temporal
2014
Localização Eletrônica
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=215568