Pesquisa Bibliográfica
- Nogueira, Heloísa
Registro detalhado das experiências de gestão municipal produzido pelo Instituto Pólis. Cadastramento das prefeituras progressistas eleitas em 88, que contando com a participação popular orientaram sua ação para áreas como educação, saúde, transportes coletivos, moradia, adotando a inversão de prioridades na aplicação dos recursos públicos. Apresenta indicadores que atestam a eficácia desta inovadora maneira de implementar as políticas públicas. As experiências selecionadas vão desde iniciativas de custo muito baixos, como o bolão da notinha, empreendida em Ronda Alta, RS, até a urbanização de favelas, ocorrida em Santo André, SP, de maior complexidade. Cada registro consta de título da experiência; prefeitura que a realizou; descrição do trabalho; comentários acerca da experiência; indicadores quantitativos do custo-benefício do projeto; palavras-chave; fonte dos dados; nome de contato e autor do registro.
- Ribeiro, Tarcyla Fidalgo
Os Community Land Trusts (CLTs) são um modelo de gestão coletiva da terra que promove a segurança da posse, assim como o fortalecimento e o desenvolvimento comunitário para populações vulnerabilizadas. Neste artigo, com base na apresentação de experiências consolidadas no Norte e Sul globais, analisam-se os aspectos organizativos e conjunturais que podem contribuir para sua implementação no Brasil. Em seguida, o cenário fundiário brasileiro é descrito, bem como a experiência pioneira em andamento na cidade do Rio de Janeiro. O modelo, ainda incipiente no Sul Global, apresenta potencial para aplicação em assentamentos informais consolidados com vistas a garantir a segurança da posse e o direito à moradia, constantemente negado e violado nesses contextos. Dadas as peculiaridades dos CLTs no Norte e Sul globais, são sugeridas algumas lições que podem ser retiradas dos casos analisados para facilitar a implementação do modelo no Brasil.
- Abramo, Pedro
- VILLAR, Maria Elena Villar e
Este estudo tem como foco central experiências vividas por jovens moradores do ABC paulista em interações com ações públicas de natureza artístico-cultural, implementadas por executivos municipais. Em Santo André, o trabalho voltou-se para experiências de jovens que vivenciam atividades formativas na área de teatro, organizadas pela Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA), vinculada à Secretaria de Cultura e Esportes. Em São Bernardo do Campo, a investigação incidiu sobre experiências juvenis em processos formativos da oficina de artes circenses, oferecida pelo Programa Juventude Cidadã, sob a responsabilidade da Secretaria de Governo. O trabalho empírico foi dividido em três grupos de atividades: visitas aos equipamentos culturais, nos quais as ações públicas selecionadas se concretizam, visando ao estabelecimento de contatos com gestores, profissionais responsáveis e jovens freqüentadores das ações; observação sistemática das atividades, que permitiu conhecer a rotina empreendida pelos jovens e as relações estabelecidas; aplicação de questionário com questões fechadas, com a finalidade de produzir um perfil dos sujeitos estudados. Por fim, a partir dos diálogos estabelecidos, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 12 jovens: 5 participantes da oficina de teatro e 7 que integram a oficina de artes circenses, o que tornou possível aprofundar o conhecimento dos sujeitos investigados e suas experiências. As distintas etapas do estudo foram iluminadas por contribuições conceituais e teóricas oferecidas por autores, tais como Karl Mannheim, Claudine Attias-Donfut, José Machado Pais (gerações e valores geracionais e intergeracionais); Peter Berger, Thomas Luckmann e Pierre Bourdieu (socialização e reprodução social); François Dubet, E.P. Thompson, Alberto Melucci e Anna Fabbrini (experiência e experiências juvenis). O trabalho de campo foi desenvolvido entre os meses de fevereiro/2005 a julho/2006. O estudo traz, como principais resultados, as idéias de que os jovens pesquisados dão peso significativo à cultura do trabalho que lhes foi transmitida por processos de socialização. Uma outra idéia foi a de que nem todos se deixam "herdar pela herança" transmitida pelos pais e reforçada pela escolarização, produzindo o que Pierre Bourdieu denominou de "herdeiros sem história". Para alguns, a combinação entre legado transmitido pela herança e freqüência às ações públicas municipais de formação artística-cultural significa alongar a vivência da juventude; para outros, a mesma combinatória tem como significado a produção de tensões e conflitos que se orientam para a conquista do trabalho e vivência profissional como algo expressivo, mais vinculadas ao "ser" do que ao "ter". Assim, não desvalorizam os valores e a cultura do trabalho que herdaram, mas os redimensionam, assumindo que o trabalho e a vida profissional só terão sentido pleno se forem na condição de artistas. Alguns jovens estudados, no momento do curso da vida em que se encontram, vivem experiências e empreendem percursos que os levam, da cultura do trabalho - à herança, para o "sonho que produz o diverso": ao trabalho na cultura.
- Henna, Elizabete Satie
O objetivo desta dissertação foi analisar a experiência de Mariana, Rogério e Natan com a loucura, entre o final do século XX e o início do XXI, na região do Grande ABC, estado de São Paulo. Nessa época estava em curso o processo de reforma psiquiátrica, que preteria os hospitais psiquiátricos e a ideia de isolamento dos sujeitos considerados loucos, em favor dos serviços comunitários de saúde mental e sua inserção social. Nossas principais fontes foram os depoimentos orais de Mariana, Rogério e Natan. Utilizamos também suas produções literárias e artísticas, como a monografia de conclusão do curso de especialização em saúde mental de Mariana, as poesias de Rogério e as pinturas de Natan. A história de vida de Mariana até o adoecimento foi bastante marcada pela questão de gênero. A vida de Rogério até o adoecimento foi bastante marcada pelas situações de risco a partir do uso de drogas e por ter se tornado pai muito jovem. A vida de Natan até o adoecimento foi marcada por problemas de relacionamento na escola e no trabalho. A partir dos relatos, foi possível perceber que quando adoeceram, os três sujeitos desvelaram situações que os incomodavam, mas que não apareciam quando eles tentavam levar uma vida normal: um casamento que não ia bem, um relacionamento sem amor e problemas na escola e no trabalho. A loucura parece ter questionado esses aspectos da normalidade. Sobre a experiência institucional, pôde-se perceber que durante o período em que Mariana, Rogério e Natan estiveram em tratamento nos serviços comunitários de saúde mental houve mais possibilidades de inserção social do que no período em que estiveram em clínicas psiquiátricas
- Formagio, Cessimar de Campos
A relação entre Estado e movimentos populares é desenhada na conjuntura econômica e política de um momento histórico e também pela posição política que um movimento assume diante dos projetos estatais, nos quais estão representados os interesses dos grupos empresariais hegemônicos. Considerando a observação de Sader (1995:41) sobre a grande gama de respostas possíveis diante de uma mesma solicitação dada , esta pesquisa busca entender como se organiza e posiciona o movimento de luta por moradia dos moradores do Jardim Campo Belo, na periferia de Campinas, e como o Estado lida com tal perfil específico de organização, na tentativa de criar entre os moradores certo grau de consenso ao projeto de expansão do aeroporto de Viracopos e atenuar a resistência dos moradores à desapropriação do lugar em que vivem. Num plano mais amplo, a pesquisa tem por objetivo analisar a relação entre o perfil de organização interna de um movimento popular e as relações que este estabelece com o Estado. Buscamos, para tanto, apontar as diferentes posições políticas entre os moradores do Campo Belo e o modo como tais posições interagem na formação de um dos principais espaços de mediação política do bairro: as associações de moradores. Para identificar as nuances da relação entre as associações e o Estado, analisamos o percurso da luta pela permanência dos moradores no bairro, a qual é ameaçada pela ampliação do aeroporto de Viracopos. A pesquisa foi construída a partir de três feixes: a seleção bibliográfica; o trabalho de campo, realizado em treze meses (novembro de 2009 a dezembro de 2010) de convivência com moradores do bairro e acompanhamento das associações de moradores; e pesquisa documental, que envolveu organização de documentos das associações, consulta ao acervo de jornais da cidade e fotos produzidas no trabalho de campo, estando parte deste material nos anexos desta dissertação.
- Moraes De Souza, Alana
Fruto de uma etnografia entre acampamentos sem-teto nas periferias metropolitanas de São Paulo, esta tese percorre algumas questões que hoje atravessam os sentidos das lutas sociais, novas conflitualidades e formas de vida que se abrem como experimentação nos acampamentos de terrenos baldios e seu emaranhado de corpos, relações, curas e histórias. Instituído em grandes terrenos não edificados de mata tanto persistente quanto exuberante, o regime baldio instaurado pelas ocupações sem-teto surge como zona de interstício entre o ritmo desenfreado das novas formas de metropolização financeirizada e vigiada da "cidade global" e as ruínas de uma antiga metropolização fabril, nos oferecendo sugestivas proposições de uma política por vir. Ao intuir, uma vez mais, a luta política que se faz com os pés na terra, os acampamentos interrogam a "cidade do progresso" (e seu colapso) pelo seu avesso, em um arranjo deliberadamente precário, impermanente e aberto ao mundo vivo, nos apresenta pistas para pensar a transição da cidade-fábrica para a cidade-acampamento. Trata-se de uma ação coletiva que começa pela denúncia do regime proprietário e rentista produtor de desigualdades, mas que de forma imprevista acaba por investigar uma uma inédita aliança entre o baldio e a classe endividada, a classe "nômade do trabalho", como denomina Mbembe (2018), uma aliança entre o combate a cozinha coletiva, a festa e a guerra. O regime baldio, tecido por suas tramas relacionais, além de fazer emergir a própria coletividade que o sustenta - os sem-teto - também torna possível o tempo livre e outras proposições sobre viver junto. Por não se constituírem, na maior parte das vezes, como espaços de moradia, os acampamentos organizados pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) possibilitam uma emergente espacialidade que não é a da casa, nem é a do trabalho, mas uma experiência de travessia na qual no qual se vive a vida através da vida dos outros, como na definição ampla de parentesco feita por Sahlins (2013). Diferente de toda a gramática que constitui a "política habitacional" e suas tecnologias generificadas, proprietárias e bio-produtivas, nos acampamentos é possível experimentar a confusão de fronteiras entre cozinhas coletivas, festas, zonas de cumplicidade e prazer que abre hipóteses intensamente relacionais para as transações entre corpos e papéis. Na pesquisa, tratamos de pensar com os sem-teto sobre a retomada de um tempo da cura nas bifurcações em relação às inscrições dos trampos, virações, ao desemprego ativo e à socialidade doméstica, bifurcações capazes de produzir experimentações de "voltar à vida"; de sentir a "luta entrar no sangue" e "virar outra", como muito escutei nos acampamentos. Trata-se também de pensar em como a forma-acampamento interroga os modos de subjetivação neoliberal constituídos pela concorrência, desempenho, sacrifício encarnando assim uma guerra contra todos aqueles que, de certa forma, ameaçam o pacto da cidadania sacrificial - os vagabundos e vagabundas. Por fim, a tese apresenta algumas reflexões sobre como a política e o conhecimento sem-teto produzidos nos acampamentos interpelam alguns dos consensos progressistas e suas formas democráticas, também percorre algumas proposições sobre tecnologias de gênero e políticas de cuidado em uma conversa entre mulheres sem-teto e uma ciência feminista.
- Moraes De Souza, Alana
Fruto de uma etnografia entre acampamentos sem-teto nas periferias metropolitanas de São Paulo, esta tese percorre algumas questões que hoje atravessam os sentidos das lutas sociais, novas conflitualidades e formas de vida que se abrem como experimentação nos acampamentos de terrenos baldios e seu emaranhado de corpos, relações, curas e histórias. Instituído em grandes terrenos não edificados de mata tanto persistente quanto exuberante, o regime baldio instaurado pelas ocupações sem-teto surge como zona de interstício entre o ritmo desenfreado das novas formas de metropolização financeirizada e vigiada da "cidade global" e as ruínas de uma antiga metropolização fabril, nos oferecendo sugestivas proposições de uma política por vir. Ao intuir, uma vez mais, a luta política que se faz com os pés na terra, os acampamentos interrogam a "cidade do progresso" (e seu colapso) pelo seu avesso, em um arranjo deliberadamente precário, impermanente e aberto ao mundo vivo, nos apresenta pistas para pensar a transição da cidade-fábrica para a cidade-acampamento. Trata-se de uma ação coletiva que começa pela denúncia do regime proprietário e rentista produtor de desigualdades, mas que de forma imprevista acaba por investigar uma uma inédita aliança entre o baldio e a classe endividada, a classe "nômade do trabalho", como denomina mbembe (2018), uma aliança entre o combate a cozinha coletiva, a festa e a guerra. O regime baldio, tecido por suas tramas relacionais, além de fazer emergir a própria coletividade que o sustenta - os sem-teto - também torna possível o tempo livre e outras proposições sobre viver junto. Por não se constituírem, na maior parte das vezes, como espaços de moradia, os acampamentos organizados pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) possibilitam uma emergente espacialidade que não é a da casa, nem é a do trabalho, mas uma experiência de travessia na qual no qual se vive a vida através da vida dos outros, como na definição ampla de parentesco feita por sahlins (2013). Diferente de toda a gramática que constitui a "política habitacional" e suas tecnologias generificadas, proprietárias e bio-produtivas, nos acampamentos é possível experimentar a confusão de fronteiras entre cozinhas coletivas, festas, zonas de cumplicidade e prazer que abre hipóteses intensamente relacionais para as transações entre corpos e papéis. Na pesquisa, tratamos de pensar com os sem-teto sobre a retomada de um tempo da cura nas bifurcações em relação às inscrições dos trampos, virações, ao desemprego ativo e à socialidade doméstica, bifurcações capazes de produzir experimentações de "voltar à vida"; de sentir a "luta entrar no sangue" e "virar outra", como muito escutei nos acampamentos. Trata-se também de pensar em como a forma-acampamento interroga os modos de subjetivação neoliberal constituídos pela concorrência, desempenho, sacrifício encarnando assim uma guerra contra todos aqueles que, de certa forma, ameaçam o pacto da cidadania sacrificial - os vagabundos e vagabundas. Por fim, a tese apresenta algumas reflexões sobre como a política e o conhecimento sem-teto produzidos nos acampamentos interpelam alguns dos consensos progressistas e suas formas democráticas, também percorre algumas proposições sobre tecnologias de gênero e políticas de cuidado em uma conversa entre mulheres sem-teto e uma ciência feminista.
- Rafaela Oliveira Borges
Neste artigo discutimos o trabalho etnográfico desenvolvido em um contínuo de espaços urbanos e de ambientes digitais a partir da cidade de Santa Maria (RS/Brasil), e analisamos nosso percurso teórico-metodológico e seus desdobramentos. Entre os anos de 2017 e 2021, mapeamos espaços urbanos reconhecidos como pontos de encontros de artistas Drag perscrutando práticas em torno das suas corporalidades, identificações e dos seus arranjos de sociabilidades. Além disso, direcionadas pelas práticas online des Drags, enfocamos nas suas interações e nas suas experimentações nas mídias digitais, pois esses ambientes se mostraram como laboratórios de experimentações e espaços de performatividades que constituem e configuram as práticas des artistas e a própria cena drag da cidade. Argumentamos, assim, sobre as possibilidades de observação e investigação etnográfica articulando distintos lócus de pesquisa e sugerimos, portanto, a constituição de um circuito de práticas drag materializado nas tramas da cidade, bem como nas mídias digitais.
- Andrade, José Agnello Alves Dias de
Esta pesquisa de mestrado pretende identificar os mecanismos e estratégias responsáveis pela “indigenização da cidade” de Manaus/AM a partir da perspectiva dos Sateré-Mawé citadinos e analisar as consequências desse processo na dinâmica da metrópole manauara. Para realização deste intento coloca-se como fundamental levar a cabo uma análise fluída de concepções a respeito do ambiente urbano, possibilitando que o material teórico e etnográfico sobre as relações dos Sateré-Mawé moradores da reserva indígena seja tratado de forma uníssona com os dados disponíveis sobre os Sateré-Mawé citadinos. Tendo em mente que a bibliografia consultada e as experiências iniciais de campo mostraram a importância que a relação entre os Sateré- Mawé citadinos e os Sateré-Mawé moradores da reserva indígena possuem mutuamente em sua vida cotidiana, desde a troca de materiais disponíveis na reserva, o acolhimento de migrantes, a participação em rituais e em instâncias decisórias políticas, é fundamental que a análise considere as relações, circulações e respectivas imaginações a respeito da “aldeia” e da “cidade” como material de reflexão teórica. Esta comunicação pretende explorar reflexões iniciais a respeito da aproximação teórico -etnográfica de segmentos da disciplina antropológica comumente pensados e tratados separadamente, a saber, a “etnologia indígena” e a “antropologia urbana”.
- Israel de Souza , Stefanie E.
This dissertation draws on a total of twenty-seven months of longitudinal ethnographic research conducted over a six-year period investigating the impacts of a proximity policing initiative known as “pacification.” Implemented in Rio de Janeiro beginning in 2008, this initiative aimed to regain the state monopoly of violence in favelas dominated by armed drug dealers while also reducing police violence. In early years, groups such as the World Bank viewed pacification as a successful policing program worthy of emulation in criminal-dominated urban peripheries throughout the global South. However, by 2016 it was clear that it had failed, as even the most successful “model communities” experienced an unparalleled spike in violence. What explains this outbreak of violence, especially in the favelas where the program was initially well-received and appeared to be working? What went wrong?
Due to limited and problematic police data, biased media coverage, and a rapidly changing empirical reality, it is very difficult to know what is actually going on in these communities from the outside. In 2012, I began ethnographic research in two neighboring “model communities” to try to understand what was working there that set them apart from other “pacified” favelas. As I returned in the summers of 2013, 2014, and 2015, I observed the rapidly shifting community relations as residents, police, and drug dealers alike prepared for what they perceived as the approaching expiration date of pacification, set by the 2016 Summer Olympic Games. By the time I arrived for a full year of fieldwork in 2016, residents were saying that pacification is not going to end, it has already ended. Rather than the single violent post-Olympic invasion that residents had imagined, 2016 was characterized by a series of invasions, attempted invasions, targeted assassinations, and killings by police as drug dealers from both factions called on a seemingly endless supply of outside reinforcements from allied favelas.
I elaborate a theory of intersecting temporalities to make sense of these community-level changes framed by what I call mega-event time. While state time is largely cyclical, mega-event time consists of a build-up period to a single major event. Increased investment, accelerated urban restructuring, and heightened international media attention characterize this period. The event itself is marked by all-out international performativity. After the event has passed, the performance ends – unless there is another event immediately on the horizon. During the period of my research, Rio hosted a series of back-to-back events, forming a continuous build-up to the final and biggest event in the series – the 2016 Summer Olympic Games. I argue that the spike in violence in 2016 and after was the direct result of a public security initiative implemented on mega-event time that had, as residents say, a prazo de validade [expiration date].
My research deepens interdisciplinary discussions of uneven development and state presence/absence in marginalized communities. It suggests that rather than talking about state absence in these areas, we need to examine (and empirically specify) convoluted forms of state presence that are deeply intertwined with the functioning of criminal groups. My dissertation also places public security reform in global context. It contributes to the growing concern about the effects of mega-events on host cities, especially in the global South. Temporary public security interventions can have disastrous consequences for marginalized communities even when carried out under the guise of promoting human rights.
- Aboboreira, Ariane
Esta investigação tem como principal objetivo analisar, na situação particular do Programa Jovens Urbanos - CENPEC e Fundação Itaú Social - quais os impactos provocados em seus jovens participantes Programa em suas experimentações na metrópole paulistana. Por meio da análise da proposta do referido Programa que combina explorações na cidade de São Paulo, experimentações de novas tecnologias e intervenções nos bairros de origem , esta investigação visa: compreender como o caminhar dos jovens pela cidade e a percepção que adquirem na relação com novas formas de apropriações e usos da metrópole ressoa nas ressignificações que fazem a respeito do seu bairro de origem; objetiva, também, responder sobre como tais mobilidades perceptivas interferem nas intervenções que promovem ao final do programa por meio dos Projetos Jovens. Ainda que as narrativas juvenis constituam o eixo metodológico privilegiado desta investigação, a pesquisa fundamentou-se, ainda, nos seguintes procedimentos que compuseram o protocolo metodológico: leitura de documentos oficiais disponibilizados pelo Programa Jovens Urbanos , análise dos blogs; e finalmente, em práticas etnográficas centradas na pesquisa de campo e baseada na observação participante e em entrevistas em profundidade
- Krempi, Ana Paula
A acessibilidade está relacionada com a maneira como a disponibilidade de transportes e os usos do solo afetam os indivíduos na realização de viagens para o desenvolvimento de suas atividades habituais. Freqüentemente se assume que os moradores de baixa renda da periferia são os mais afetados pela falta de acesso aos meios de transporte. A questão subjacente a esta afirmação, no entanto, permanece sem uma resposta definitiva: o nível de renda, por si só, seria um indicativo do nível de acessibilidade? O objetivo deste estudo é explorar a união de ferramentas de estatística espacial e SIG (Sistema de Informações Geográficas) com o propósito específico de analisar as relações entre aspectos da distribuição espacial de características da população (como a renda, por exemplo) de uma cidade média brasileira e os diversos níveis de acessibilidade por diferentes modos de transporte nela observados, buscando possíveis respostas para esta pergunta.
- Hong, Mirian Lee
The dissertation explores the negotiation of culture and identity from the literary production of Korean immigrants in Brazil. The dissertation also explores how Korean immigrants begin a process of diasporic narrative as a way to construct an alternative space and a Korean Brazilian identity. By following the status of Self through the writings of Cultura Tropical , a Korean Brazilian identity evolves through three stages of negotiation. The Korean community of 50, 000 is a small minority group but rapidly growing in socioeconomic sectors of Brazil. Their narratives and cultural discourse convey experiences of tension and cultural affiliation. They create a literary space to debate and contemplate how Korea or Brazil is a sanctuary to mix languages, literary genres, voices and reflections related to the Brazilian immigrant life. The study of this dissertation presents the search and the trace of new Asian voices in Brazil for further understanding of how they view themselves within Brazilian culture and what it means for them to claim “Brazilian” as part of their identity. The focus of this piece will concentrate on Korean immigration in Brazil and thus far the only existent literary journal by the community known as Cultura Tropical. Finding themselves, quickly building a business and social space in São Paulo, their experiences are embodied as short stories, poems and essays in which they manifest a new and contemporary relationship between the Korean and Brazilian cultures. Can the notion of Asian ethnicity pose to be included or excluded in Brazilian society and literary culture? From this, we will be able to further identify if Korean immigrant discourses can be part of the current framework of Brazilian foundational literature and cultural studies.
- Kowarick, Lúcio
- MONTORO, Guilherme Castanho Franco
Uma das maiores transformações no comércio internacional nas últimas décadas foi o notável crescimento das exportações industriais dos países subdesenvolvidos. Nos últimos anos têm sido elaborados estudos empíricos, comparando as características das empresas exportadoras com a das empresas não exportadoras. Constantemente verifica-se que as empresas exportadoras apresentam características de qualidade, produtividade, e de recursos humanos superiores aos das empresas não exportadoras. O objetivo do trabalho é identificar as características da empresa exportadora. Para tanto, foi elaborado um estudo comparando as empresas que exportam com as que não exportam, utilizando dados de empresas industriais do Estado de São Paulo. Constatou-se que as empresas que exportam são maiores, mais inovadoras, utilizam mais a gestão da qualidade total e obtiveram expressiva vantagem nos índices de produtividade, medidos pela relação VA/PO. Com relação à tecnologia da informação, verificou-se maior utilização de Internet e de recursos humanos. Com relação à recursos humanos, as empresas exportadoras pagam melhores salários e treinam mais os seus funcionários. Verificou-se também que as empresas de capital estrangeiro tendem a ser mais exportadoras do que as de capital nacional e que o desempenho exportador depende do segmento de atividade na qual se encontra. As empresas que importam parte de seus insumos apresentam melhor performance no setor externo. Os resultados obtidos contribuem para a melhor compreensão da dinâmica microeconômica das empresas exportadoras.
- Carlo, Ricardo Felipe di
Esta dissertação tem por objetivo entender como o crescimento econômico paulista a partir da década de 1760, provocado a partir das medidas do Morgado de Mateus, refletiu-se na economia, na população, nos domicílios e na distribuição da riqueza em Santos, o principal porto da capitania de São Paulo. Também buscamos relacionar os grandes escravistas santistas a fim de acompanhar suas atividades econômicas e suas inter-relações. É neste período que houve medidas de monopólio a favor do porto santista, a melhora da estrada da Serra do Mar, com a construção da Calçada de Lorena, e a ampliação do comércio portuário, de abastecimento e exportação, instigado pela expansão da lavoura canavieira no Oeste Paulista. Para mensurar as características santistas, primeiramente o perfil portuário é delineado e, a seguir, comparado com o restante da capitania/província a fim de identificar as suas especificidades.
- Politano, Stela
A Exposição Didática e a Vitrine das Formas foram duas exposições que marcaram o início do Museu de Arte de São Paulo, em 1947. Foi na Rua Sete de Abril que o projeto de Pietro Maria Bardi se iniciava, na busca pela formação didática do público moderno que adentrava pelas portas do Edifício dos Diários Associados. Este estudo visa à compreensão desse momento da história artística de São Paulo e, acima de tudo, ao resgate as falas e documentos históricos antes calados pelo esquecimento.
- Sheriff, Robin E.
Neste artigo, afirma que, focalizando discursos, o disputado domínio cultural e formas públicas de conflito e poder, antropólogos - culturais e lingüísticos - e outros cientistas sociais têm negligenciado a significância de formas comuns de silêncio que moldam a visão social e política. Revela que tais silêncios constituem a censura cultural, a qual, distinta da censura fomentada pelo Estado, é praticada na susência de coerção explícita ou coação. Embora praticada por grupos diferentes e opostos, a censura cultural tende a ser constituída e circunscrita de acordo com interesses políticos de grupos dominantes. Analisa, com base em pesquisa etnográfica no Rio de Janeiro, o caso da censura cultural pela observação do silêncio do indivíduo que sofre racismo no Brasil. Através da ênfase na fenomenologia da censura cultural entre brasileiros pobres descendentes de africanos, revela que o silêncio não deve ser confundido com uma consciência não hegemônica.
- Gonçalves, Margareth de Almeida