Pesquisa Bibliográfica
- Cruz, Leonardo Borges da Autor
O movimento negro atualmente tem recebido uma atenção diferente, por parte de intelectuais. As recentes conquistas para a população negra no Brasil são compreendidas, por alguns, como fruto de uma dádiva das elites brasileiras. Esta tese seria sustentada pela idéia de que o movimento negro não tem força suficiente para impor as ações afirmativas no Brasil. Ele seria desordenado, carente de um elemento norteador. Uma prova dessa ineficiência seria a ausência de um movimento negro de massa. Contestando tal tese, esta dissertação de mestrado retoma alguns debates sobre o movimento contestatório dos(as) negros(as) no Brasil. Para tanto, a abordagem diacrônica será utilizada, possibilitando o entendimento da trajetória realizada por esta militância desde o início do século XX. Perceberemos, por meio da aproximação entre o pensamento sociológico e antropológico sobre o tema, que a militância negra antirracista vem abandonando aqueles pressupostos do racialismo, presentes no início do período republicano brasileiro. Em seu lugar, um conjunto de estratégias que visam a conquista da igualdade através do reconhecimento das diferenças entre negros(as) e não-negros(as) é observado. Assim, o Conselho Municipal do Negro de Marília-SP e o Grupo de Educadores Negros de Marília-SP serão estudados como representativos do movimento negro atual. Observamos ainda que a militância negra tem proposto ações afirmativas para negros(as). Isto se tornou possível a partir do momento em que esta militância alterou sua percepção de cultura nacional, de híbrida, para plural. Assim, perspectiva de luta universalista tem sido substituída pela perspectiva diferencialista. As práticas culturalistas têm perdido espaço entre a militância negra, mesmo porque esta perspectiva de luta não logrou frutos muito positivos aos negros(a), no entendimento de militantes negros(as).O retorno - “simbólico” quase sempre - à África e a intelectualização do movimento negro são obras recentes e que caracterizam esta metamorfose na estruturação do movimento negro brasileiro. Do ponto de vista das estratégias, a educação permanece ainda como elemento central, mas seu significado para o movimento negro é outro.
- Ribeiro, Miguel Angelo Campos
Tem por objetivo principal analisar a rede viária do sudoeste amazonense e oeste acreano, levando-se em consideração os sistemas de transportes, considerados, a partir daqui, como o äntigo, representado pelo sistema de transporte fluvial, e o novo, representado pelos sistemas rodoviário e aéreo. Essa rede viária apresenta-se constituída pelos rios formadores das bacias do Javari e Juruá, formadores do Solimões e que se integram à rede fluvial do Amazonas, onde destaca-se uma série de portos que viabilizam o escoamento da produção local, complementada pela implementação da BR-364, na década de 60 e consolidada nas décadas de 70 e 80. Menciona também a participação do sistema aéreo que, juntamente com o fluvial e o rodoviário, complementa o sistema viário da área em estudo. O sistema aéreo adquiri importante papel devido às condições precárias de acessibilidade e às longas distâncias. Tal estrutura viária está apenas esboçada, sendo, ainda, muito precária as atuais condições de transporte, levando a um completo isolamento em decorrência da ausência de infra-estrutura tanto no que diz respeito ao seu principal e tradicional sistema de transporte - o fluvial - quanto ao rodoviário.
- FREIRE-MEDEIROS, Bianca
- Homem, Maria Cecília Naclério
Como primeiro prefeito municipal de São Paulo, no período 1899-1910, Antonio da Silva Prado (1840-1929) imprimiu diversas reformas à cidade, a qual conheceria um importante surto de urbanização, considerado como a sua terceira fundação. As principais tendências da expansão dessa cidade, que naqueles dez anos passou de 239.000 habitantes para 375.324 habitantes, foram as seguintes: acentuação do traçado tradicional que ligava o velho núcleo central aos demais núcleos periféricos por intermédio das antigas saídas da cidade. A fusão de expedientes utilizados pelo prefeito Haussmann, na reforma que empreendeu à metrópole parisiense (1853-1870), ao traçado preexistente, como demolições e alargamentos, calçamentos, arborização, ajardinamentos, abertura de vias e praças, etc. A ocupação sistemática dos vazios, mediante o incentivo da especulação imobiliária particular e dos loteamentos, assim como o favorecimento da divisão da cidade por funções. Este trabalho objetiva levantar as grandes coordenadas da gestão de Antonio Prado, conferindo-lhe uma interpretação à luz dos rumos tomados pela cidade de nossos dias.
- Diogo Barbosa Maciel
Esta pesquisa revisita a obra do escritor António de Alcântara Machado, tomando como eixo da análise as diversas dimensões da cidade de São Paulo que ela traz à tona. Lembrado na história da literatura brasileira sobretudo pela autoria de Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), livro de contos em que trata principalmente da presença italiana e ítalo-brasileira na cidade, o autor é figura ativa nos círculos culturais de São Paulo nas primeiras décadas do século XX, notadamente por sua participação junto aos grupos modernistas. A partir da gama de perspectivas fornecida pela literatura, pelo jornalismo, pela história e pela crítica de espetáculos, sigo suas reflexões acerca de uma série de temas, tais como o lugar de São Paulo na modernização do teatro brasileiro; a renovação da literatura; a criação de uma identidade brasileira e paulistana; a presença de repertórios estrangeiros na vida cultural e na estética da cidade; os debates sobre raça, classe, segregação socioespacial. Confiro especial atenção às relações entre cidade e cultura, temas que nos direcionam à convivência tensa entre os diversos tipos que ocupam os espaços da cidade, aos debates sobre a nação e o nacionalismo, à nova composição social e às transformações em curso em São Paulo. Na primeira parte do trabalho, acompanho a maneira como Alcântara Machado, fazendo as vezes de crítico teatral e urbano, observa e participa da produção da cidade, sugerindo intervenções seja no espaço urbano, seja no teatro brasileiro, orientado pela busca de uma modernização pautada por um veio nacionalista bastante específico, que propõe um mergulho nas raízes nacionais enquanto coloca São Paulo na condição de protagonista inconteste da história do país. Na parte II, investigo as aparições de seis tipos sociais da cidade observados e descritos pelo escritor - caipiras, bacharéis e funcionários públicos, mulheres, crianças, italianos (e ítalo-brasileiros) e negros -, que compõe uma galeria de personagens eloquente em relação à maneira desigual com que a narrativa do progresso é apropriada e vivenciada por diferentes grupos. Concluo o trabalho sugerindo uma visão complexa da obra e de Alcântara Machado, mais atenta à importância do teatro e dos tipos sociais marginais no conjunto de sua reflexão, à complexidade do quadro da cidade que ele levanta e às articulações entre os diferentes gêneros em que ele escreveu.
- Lins, Vera
Apresenta algumas passagens das crônicas e textos de Antônio Maria Baudelaire. Procura mostrar a imagem do Rio da década de 1960 nos escritos deste autor.
- Motta, Liandra
A presente dissertação resulta de estudo realizado a partir da crítica à obra e vida do artista brasileiro Antônio Diogo da Silva Parreiras, nascido em 20 de janeiro de 1860, na cidade de Niterói - RJ, e falecido em 17 de outubro de 1937, na mesma cidade. A pesquisa se inicia com o levantamento e a transcrição de críticas às suas obras e artigos sobre sua vida pessoal e profissional (escritos por ele ou por outros autores), publicados por jornais e revistas em circulação entre os anos de 1883 (data de sua primeira exposição) e 1937 (data de seu falecimento), nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi assim elaborada uma breve biografia do pintor, com ênfase em seu percurso profissional, além de análises que discutem diversos aspectos, como o contexto em que os artigos foram publicados, quem os escrevia e quem os publicava, a receptividade às suas obras, sua relação com a Academia Imperial de Belas Artes, mais tarde Escola Nacional de Belas Artes, e seu posicionamento diante das revoluções artísticas da época. Particularmente, sua luta por uma arte livre das cópias, a busca por uma produção nacional respeitável e de qualidade, e a criação e direção de uma escola de pintura ao ar livre, por ele denominada Escola ao Ar Livre. Finalmente, sua efetiva contribuição para a evolução da arte brasileira.
- Frúgoli Júnior, Heitor
- Bemerguy, Telma de Sousa
Nesse artigo apresento uma reflexão sobre discursos, eventos, práticas e teorias do campo da antropologia urbana no Brasil que possibilitem compreender os estranhamentos recorrentes provocados pela ideia de uma Amazônia Urbana. A partir da análise sobre o cerne dessa hesitação, apresentarei uma contribuição às reflexões sobre a carência de pesquisas de antropologia urbana em contextos urbanos de menor escala e em cidades não conformadas à imagem da metrópole no Brasil, destacando como as políticas para a interiorização do acesso ao Ensino Superior podem afetar esse quadro.
- Velho, Gilberto
Reúne nove artigos de cientistas sociais brasileiros e portuguess que têm como foco principal a vida urbana em suas diferentes manifestações e dimensões. As cidades estudadas são Rio de Janeiro e Lisboa e são abordados temas como identidades sociais, vida política, a problemática geracional e de gênero, localidades, bairros, desvio, minorias, lazer e sociabilidade, mundos artísticos e culturais entre outros. Baseado em um trabalho etnográfico denso os autores se voltam para a relação entre sociedade e cultura.
- Viana, Rachel de Almeida
Esta dissertação analisa a atuação do antropólogo Anthony Leeds durante a década de 1960, com ênfase nas pesquisas por ele realizadas em favelas do Rio de Janeiro. Seguindo a metodologia dos círculos concêntricos proposta por Stocking Jr, são abordados o contexto social e político dos EUA entre as décadas de 1940 e 1960, com destaque para as relações entre a antropologia e a Guerra Fria; o debate sobre desenvolvimento econômico nas agências internacionais e na pesquisa em ciências sociais travados nessa época; as discussões acerca das características do trabalho etnográfico que se fazia no período e o contexto histórico, social e político em torno das favelas e da questão habitacional no Rio de Janeiro. A dissertação busca entender as influências teórica e metodológica vindas desde o período da graduação até o doutoramento de Anthony Leeds na Universidade de Columbia, no qual se verifica a importância da perspectiva neoevolucionista, além de outras tradições presentes em sua formação. Após abordar os trabalhos realizados pelo antropólogo em agências internacionais, bem como sua atuação em instituições de pesquisa e ensino no Brasil, a dissertação enfatiza o caráter dialógico de sua etnografia através da análise das notas de campo registradas pelo antropólogo na favela do Jacarezinho.
Em sua maior parte, este anuário contém uma compilação de dados ao município de Juiz de Fora para o ano de 1998. No entanto, para efeito comparativo, inclui também alguns dados referentes a períodos anteriores - especialmente o ano de 1997 - e a outras regiões geográficas - notadamente a Zona da Mata. O trabalho está estruturado tematicamente nas seguintes seções: História e Geografia, Economia, Infraestrutura e Indicadores Sociais. Ao todo apresenta cerca de 250 tabelas, quadros, itens e gráficos, contendo dados originalmente coletados de 100 fontes distintas, incluindo órgãos públicos das várias instâncias governamentais, empresas privadas e associações de diversos tipos.
- Centro de pesquisas sociais ufjf.
- C p s ufjf.
- SEADE
Obra máxima de referência sobre a realidade paulista. Através do acompanhamento anual das estatísticas sócioeconômicas refina-se a percepção das tendências do movimento de longo prazo da sociedade paulista. Além de apresentar os já tradicionais dezenove capítulos, que entre outros inclui tabelas e dados sobre demografia, saúde, saneamento, educação, emprego, a publicação do ano de 1994 traz um novo : Movimento Eleitoral. Além disso, esta edição apresenta um número maior de tabelas, notas metodológicas detalhadas, completo índice de assuntos e textos analíticos na abertura dos capítulos.
- Cide.
Esta edição do Anuário Estatístico do Rio de Janeiro, produzida pelo Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro, inclui as estatísticas de dez novos municípios, criados a partir de 1995 e instalados em janeiro de 1997. Os dados e informações estão apresentados sob a forma de um texto analítico, seguido de seis seções e uma coletãnea de mapas temáticos. As seções compreendem o grupamento de dados referentes a: território, demografia, área social, infra-estrutura, economia e administração estadual, subdividindo-se em vinte e nove capítulos. Cada seção possui um texto introdutório constituído de notas explicativas, notas metodológicas e referências bibliográficas, correspodentes aos respectivos conteúdos. Os mapas temáticos têm como finalidade representar o ambiente físico, os indicadores demográficos e sociais, a infra-estrutura (rodovias, ferrovias, portos, etc.), os grandes empreendimentos industriai, as agências bancárias e o produto interno bruto per capita.
- Marinho, Márcia Maria Fonseca
O século XX foi marcado por rápidas mudanças no estilo de vida, no uso das técnicas e pelas novas descobertas cientificas. A força jovem passa a ser o símbolo da mudança nesse século da agilidade. Em Natal, as agremiações esportivas incorporavam os novos valores de juventude e modernidade que passavam a fazer parte da vida da cidade. A população passou a identificar-se com os clubes, formando os coros das torcidas, ocupando a rua em festa nos dias das competições. Desta maneira, o esporte marca uma nova maneira de usar os espaços públicos da cidade.
- Godoi, Rafael
Nesse trabalho, a incidência da prisão para além de seus limites físicos e institucionais é problematizada a partir da exploração e confrontação de dois contextos sociais distintos: a Catalunha e São Paulo. Os vasos comunicantes que conectam a prisão a outros territórios sociais, bem como as experiências de diversos agentes que fazem a mediação entre o mundo prisional e a sociedade mais ampla, são questões abordadas através de uma perspectiva analítico-descritiva, visando evidenciar a produção de um multifacetado campo social estruturado ao redor e através das instituições prisionais. Explorando diferentes trajetórias que se conformam nesse campo é possível problematizar algumas das circunstâncias do processo de massificação do encarceramento, assim como outras importantes alterações recentes no dispositivo carcerário contemporâneo.
- Vinicius Garcia Mattei
Busco neste trabalho recompor minha experiência ao participar das controvérsias em torno da possível instalação de uma usina termoelétrica a gás natural em Canas, pequeno município do Vale do Paraíba, a 200 km nordeste de São Paulo. Agrego a esta experiência outros materiais resultantes de pesquisas em arquivos, cópias de documentos, entrevistas com os envolvidos e a contribuição de autores encontrados durante o curso de mestrado em "Culturas e Identidades Brasileiras", no Instituto de Estudos Brasileiros da USP. O processo de licenciamento ambiental da usina ficou marcado por uma grande mobilização originada de várias contestações ao Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela empresa responsável, a AES Tietê. Iniciado a partir da atuação de alguns membros do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Lorena (COMMAM), o grupo que contestou os estudos foi se agregando em torno de questões surgidas quando da sua inserção cada vez aprofundada na investigação dos impactos previstos com o funcionamento do empreendimento. Procuro compor um relato, o mais acurado possível, retraçando as redes de conexões entre os diversos atores envolvidos nas controvérsias, conforme sugere a Teoria-Ator-Rede, desenvolvida por Bruno Latour e outros autores identificados com a "Antropologia da Ciência e da Tecnologia". A aposta é que eventos como o descrito neste trabalho proporcionam acompanhar de perto o curso das ações, na oportunidade em que elas se apresentam ainda incertas, quando as controvérsias se desenvolvem e com elas emergem vários elementos candidatos à formação de novas composições, até que um pouco mais adiante possam talvez voltar a se estabilizar, ocultando toda a discussão anterior. Povoando a natureza de política, a política de natureza, busco ainda aproximar tais discussões de uma abordagem Cosmopolítica, proposta por Isabelle Stengers (2007) e acompanhada por outros (dentre eles também Latour), partindo sempre de como os atores deste processo - humanos e não-humanos - se compõem e em que campos de ação se identificam, de acordo com sua inserção no processo. Ao final, espero ter à disposição novas referências para a compreensão das controvérsias, que possam gerar uma avaliação de outras composições formadas entre os agentes neste período de interação que se identifica como o processo de licenciamento da termoelétrica.