Pesquisa Bibliográfica
- Albano, Celina
O artigo observa a relação entre formas espaciais e processos sociais, explicitando os conceitos de espaço, vida cotidiana e cidade a partir da elaboração de temas correlatos, tais como: homogeneidade espacial, continuidade social e descontinuidade - espaços sintéticos, relações tempo/espaço e o papel da memória -, para o que utiliza citações de Proust, Octavio Paz e Walter Benjamin.
- Melamed, Clarice
Discute a metodologia empregada em recentes trabalhos que, acompanhando a Campanha da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida, visaram localizar contingentes de miseráveis no país. Relaciona o Mapa da Fome à questão do emprego.
- da Silva Leme, Maria Cristina
- Costa, Heloisa Soares de Moura
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur) é hoje uma instituição forte, representativa, democrática, reconhecida no meio acadêmico e comprometida com a construção de um país social e territorialmente mais justo e autônomo. Ela é fruto do empenho coletivo das várias diretorias, dos professores e alunos dos programas filiados, dos pesquisadores e profissionais atuantes no campo do planejamento e dos estudos urbanos e regionais. É essa imagem dinâmica que transparece a cada dois anos nos encontros nacionais, que reúnem números cada vez maiores de participantes, de trabalhos submetidos às sessões temáticas, de propostas de sessões livres e mesas-redondas. Os encontros evidenciam tanto a vitalidade do campo de estudos urbanos e regionais como a legitimidade da associação. Nesse clima de debate vibrante, de balanços e reafirmação de compromissos políticos, são eleitas as novas diretorias.
Nossa gestão na Anpur, que se estendeu de maio de 2003 a maio de 2005 e esteve sediada em Belo Horizonte, pode ser vista como um momento dessa trajetória. Para nós, foi um momento iniciado ainda na Assembléia de 2001, no Rio de Janeiro, quando os três programas mineiros então filiados – o Cedeplar, o Nú-leo de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo eo Programa de Pós-Graduação em Geografia – assumiram conjuntamente a organização do X Encontro Nacional da Anpur que veio a ocorrer em Belo Horizonte em 2003. A organização daquele encontro nacional se constituiu num intenso e progressivo ritual de envolvimento com a associação e a comunidade anpuriana. Internamente a Minas Gerais, o processo fortaleceu institucionalmente os programas e criou as condições para a nossa candidatura à diretoria para o biênio 2003-2005, eleita na Assembléia Geral do X ENA.
- Almeida, Márcio Wohlers
- Campos, Adilson Rocha
Este estudo procura resgatar a história da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) do município de Campinas SP, no período anterior à implementação do SUS (Sistema Único de Saúde). Usa como fonte de informações, documentos arquivados junto ao CEDOC (Centro de Documentação) do CETS (Centro de Estudos dos Trabalhadores da Saúde) da SMS de Campinas SP e entrevistas abertas com sujeitos que foram atores centrais da história da SMS no período estudado. Em forma de depoimento busca descrever a atenção à saúde prestada no município desde os anos 1950 até 1988, correlacionando o perfil demográfico e as características sócio-econômicas da população, suas formas de organização e lutas políticas nos diferentes períodos analisados, considerando o modelo de atenção à saúde vigente no país e a conjuntura política municipal e nacional. Destaca as lutas sociais dos anos 1970 quando implantado um modelo de atenção baseado na Medicina Comunitária e dos anos 1980 quando implantado o Pró-Assistência 1. Conclui apontando para a importância do tripé formado pelos usuários, técnicos e trabalhadores da saúde e gestores da saúde, na elaboração, implantação e defesa de propostas implementadas em Campinas e outros municípios e que fizeram parte do Movimento Nacional pela Reforma Sanitária que levou à consagração do SUS na Constituição Federal e, em seguida, à sua implementação.
- Araújo filho, Valdemar Ferreira de
O objetivo deste artigo é apontar para algumas contradições presentes na política urbano-metropolitana, deflagrada pelo Estado brasileiro no pós-64, identificando de que forma elas impuseram limites às próprias tentativas oficiais de implementar um efetivo processo de ordenamento territorial dos investimentos públicos nas áreas metropolitanas. Sem desconhecer a complexidade da problemática, trata-se de um ensaio onde procura-se ressaltar a centralidade da configuração político institucional, assumida pelo Estado naquele período, situando-a como principal interveniente no fracasso da política metropolitana implementada no país. Nesse sentido, não serão abordados os conflitos e limites presentes em estados e municípios e nem a forma como estes tentaram implementar as diretrizes emanadas do governo central. Num contexto de forte centralização política e financeira, a atuação dessas esferas de governo é aqui implicitamente considerada como variável dependente na explicação dos insucessos dessa experiência.
- Resende, Leandro Fernandes de Barros
O presente trabalho apresenta a possibilidade de se compreender o desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza como um ponto de inflexão na história da política de pacificação das favelas fluminenses, empreendida desde 2008. Amarildo foi visto pela última vez na companhia de policiais militares em julho de 2013, e seu sumiço motivou uma série de manifestações nas ruas do Rio de Janeiro, uma onda de indignação nas redes sociais e fez com que as autoridades viessem a público se manifestar para dizer que aquele episódio não colocava as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em xeque. Pelo recurso retórico do “antes”, “durante” e “depois”, discuto, sem pretensão de realizar a análise de trajetórias biográficas individuais, quais as condições de emergência do caso Amarildo enquanto “causa coletiva bem-sucedida”, nos termos de Chateauraynaud (2012): qual era a “marca” das UPPs até então? O desaparecimento não era, por si, singular, mas o contexto de crise em que ocorre o exponenciou para além de um caso qualquer. Em seguida, avalio o período em que o caso teve mais destaque na mídia e nas falas principalmente do então governador fluminense Sérgio Cabral e do então secretário de segurança pública José Mariano Beltrame. De que forma o episódio apareceu no discurso desses atores, e quem estava participando da disputa nos momentos e nas reviravoltas desta longa controvérsia? Se há algo de interminável nessas, como sugeriu Lemieux (2007), apresento, por fim, momentos em que há o reacendimento da crítica. Trato destas questões pelo viés da sociologia pragmática por acreditar que foi gestada uma longa controvérsia em torno do sumiço de Amarildo, em que houve reversão de assimetrias históricas, como na centralidade da denúncia feita por moradores de favelas, disputas pelo tipo das provas usadas na contenda e, sobretudo, um momento crítico para a história das UPPs.
- Cruz, Leonardo Borges da Autor
O movimento negro atualmente tem recebido uma atenção diferente, por parte de intelectuais. As recentes conquistas para a população negra no Brasil são compreendidas, por alguns, como fruto de uma dádiva das elites brasileiras. Esta tese seria sustentada pela idéia de que o movimento negro não tem força suficiente para impor as ações afirmativas no Brasil. Ele seria desordenado, carente de um elemento norteador. Uma prova dessa ineficiência seria a ausência de um movimento negro de massa. Contestando tal tese, esta dissertação de mestrado retoma alguns debates sobre o movimento contestatório dos(as) negros(as) no Brasil. Para tanto, a abordagem diacrônica será utilizada, possibilitando o entendimento da trajetória realizada por esta militância desde o início do século XX. Perceberemos, por meio da aproximação entre o pensamento sociológico e antropológico sobre o tema, que a militância negra antirracista vem abandonando aqueles pressupostos do racialismo, presentes no início do período republicano brasileiro. Em seu lugar, um conjunto de estratégias que visam a conquista da igualdade através do reconhecimento das diferenças entre negros(as) e não-negros(as) é observado. Assim, o Conselho Municipal do Negro de Marília-SP e o Grupo de Educadores Negros de Marília-SP serão estudados como representativos do movimento negro atual. Observamos ainda que a militância negra tem proposto ações afirmativas para negros(as). Isto se tornou possível a partir do momento em que esta militância alterou sua percepção de cultura nacional, de híbrida, para plural. Assim, perspectiva de luta universalista tem sido substituída pela perspectiva diferencialista. As práticas culturalistas têm perdido espaço entre a militância negra, mesmo porque esta perspectiva de luta não logrou frutos muito positivos aos negros(a), no entendimento de militantes negros(as).O retorno - “simbólico” quase sempre - à África e a intelectualização do movimento negro são obras recentes e que caracterizam esta metamorfose na estruturação do movimento negro brasileiro. Do ponto de vista das estratégias, a educação permanece ainda como elemento central, mas seu significado para o movimento negro é outro.
- Ribeiro, Miguel Angelo Campos
Tem por objetivo principal analisar a rede viária do sudoeste amazonense e oeste acreano, levando-se em consideração os sistemas de transportes, considerados, a partir daqui, como o äntigo, representado pelo sistema de transporte fluvial, e o novo, representado pelos sistemas rodoviário e aéreo. Essa rede viária apresenta-se constituída pelos rios formadores das bacias do Javari e Juruá, formadores do Solimões e que se integram à rede fluvial do Amazonas, onde destaca-se uma série de portos que viabilizam o escoamento da produção local, complementada pela implementação da BR-364, na década de 60 e consolidada nas décadas de 70 e 80. Menciona também a participação do sistema aéreo que, juntamente com o fluvial e o rodoviário, complementa o sistema viário da área em estudo. O sistema aéreo adquiri importante papel devido às condições precárias de acessibilidade e às longas distâncias. Tal estrutura viária está apenas esboçada, sendo, ainda, muito precária as atuais condições de transporte, levando a um completo isolamento em decorrência da ausência de infra-estrutura tanto no que diz respeito ao seu principal e tradicional sistema de transporte - o fluvial - quanto ao rodoviário.
- FREIRE-MEDEIROS, Bianca
- Homem, Maria Cecília Naclério
Como primeiro prefeito municipal de São Paulo, no período 1899-1910, Antonio da Silva Prado (1840-1929) imprimiu diversas reformas à cidade, a qual conheceria um importante surto de urbanização, considerado como a sua terceira fundação. As principais tendências da expansão dessa cidade, que naqueles dez anos passou de 239.000 habitantes para 375.324 habitantes, foram as seguintes: acentuação do traçado tradicional que ligava o velho núcleo central aos demais núcleos periféricos por intermédio das antigas saídas da cidade. A fusão de expedientes utilizados pelo prefeito Haussmann, na reforma que empreendeu à metrópole parisiense (1853-1870), ao traçado preexistente, como demolições e alargamentos, calçamentos, arborização, ajardinamentos, abertura de vias e praças, etc. A ocupação sistemática dos vazios, mediante o incentivo da especulação imobiliária particular e dos loteamentos, assim como o favorecimento da divisão da cidade por funções. Este trabalho objetiva levantar as grandes coordenadas da gestão de Antonio Prado, conferindo-lhe uma interpretação à luz dos rumos tomados pela cidade de nossos dias.
- Diogo Barbosa Maciel
Esta pesquisa revisita a obra do escritor António de Alcântara Machado, tomando como eixo da análise as diversas dimensões da cidade de São Paulo que ela traz à tona. Lembrado na história da literatura brasileira sobretudo pela autoria de Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), livro de contos em que trata principalmente da presença italiana e ítalo-brasileira na cidade, o autor é figura ativa nos círculos culturais de São Paulo nas primeiras décadas do século XX, notadamente por sua participação junto aos grupos modernistas. A partir da gama de perspectivas fornecida pela literatura, pelo jornalismo, pela história e pela crítica de espetáculos, sigo suas reflexões acerca de uma série de temas, tais como o lugar de São Paulo na modernização do teatro brasileiro; a renovação da literatura; a criação de uma identidade brasileira e paulistana; a presença de repertórios estrangeiros na vida cultural e na estética da cidade; os debates sobre raça, classe, segregação socioespacial. Confiro especial atenção às relações entre cidade e cultura, temas que nos direcionam à convivência tensa entre os diversos tipos que ocupam os espaços da cidade, aos debates sobre a nação e o nacionalismo, à nova composição social e às transformações em curso em São Paulo. Na primeira parte do trabalho, acompanho a maneira como Alcântara Machado, fazendo as vezes de crítico teatral e urbano, observa e participa da produção da cidade, sugerindo intervenções seja no espaço urbano, seja no teatro brasileiro, orientado pela busca de uma modernização pautada por um veio nacionalista bastante específico, que propõe um mergulho nas raízes nacionais enquanto coloca São Paulo na condição de protagonista inconteste da história do país. Na parte II, investigo as aparições de seis tipos sociais da cidade observados e descritos pelo escritor - caipiras, bacharéis e funcionários públicos, mulheres, crianças, italianos (e ítalo-brasileiros) e negros -, que compõe uma galeria de personagens eloquente em relação à maneira desigual com que a narrativa do progresso é apropriada e vivenciada por diferentes grupos. Concluo o trabalho sugerindo uma visão complexa da obra e de Alcântara Machado, mais atenta à importância do teatro e dos tipos sociais marginais no conjunto de sua reflexão, à complexidade do quadro da cidade que ele levanta e às articulações entre os diferentes gêneros em que ele escreveu.
- Lins, Vera
Apresenta algumas passagens das crônicas e textos de Antônio Maria Baudelaire. Procura mostrar a imagem do Rio da década de 1960 nos escritos deste autor.
- Motta, Liandra
A presente dissertação resulta de estudo realizado a partir da crítica à obra e vida do artista brasileiro Antônio Diogo da Silva Parreiras, nascido em 20 de janeiro de 1860, na cidade de Niterói - RJ, e falecido em 17 de outubro de 1937, na mesma cidade. A pesquisa se inicia com o levantamento e a transcrição de críticas às suas obras e artigos sobre sua vida pessoal e profissional (escritos por ele ou por outros autores), publicados por jornais e revistas em circulação entre os anos de 1883 (data de sua primeira exposição) e 1937 (data de seu falecimento), nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi assim elaborada uma breve biografia do pintor, com ênfase em seu percurso profissional, além de análises que discutem diversos aspectos, como o contexto em que os artigos foram publicados, quem os escrevia e quem os publicava, a receptividade às suas obras, sua relação com a Academia Imperial de Belas Artes, mais tarde Escola Nacional de Belas Artes, e seu posicionamento diante das revoluções artísticas da época. Particularmente, sua luta por uma arte livre das cópias, a busca por uma produção nacional respeitável e de qualidade, e a criação e direção de uma escola de pintura ao ar livre, por ele denominada Escola ao Ar Livre. Finalmente, sua efetiva contribuição para a evolução da arte brasileira.
- Frúgoli Júnior, Heitor
- Bemerguy, Telma de Sousa
Nesse artigo apresento uma reflexão sobre discursos, eventos, práticas e teorias do campo da antropologia urbana no Brasil que possibilitem compreender os estranhamentos recorrentes provocados pela ideia de uma Amazônia Urbana. A partir da análise sobre o cerne dessa hesitação, apresentarei uma contribuição às reflexões sobre a carência de pesquisas de antropologia urbana em contextos urbanos de menor escala e em cidades não conformadas à imagem da metrópole no Brasil, destacando como as políticas para a interiorização do acesso ao Ensino Superior podem afetar esse quadro.
- Velho, Gilberto
Reúne nove artigos de cientistas sociais brasileiros e portuguess que têm como foco principal a vida urbana em suas diferentes manifestações e dimensões. As cidades estudadas são Rio de Janeiro e Lisboa e são abordados temas como identidades sociais, vida política, a problemática geracional e de gênero, localidades, bairros, desvio, minorias, lazer e sociabilidade, mundos artísticos e culturais entre outros. Baseado em um trabalho etnográfico denso os autores se voltam para a relação entre sociedade e cultura.
- Viana, Rachel de Almeida
Esta dissertação analisa a atuação do antropólogo Anthony Leeds durante a década de 1960, com ênfase nas pesquisas por ele realizadas em favelas do Rio de Janeiro. Seguindo a metodologia dos círculos concêntricos proposta por Stocking Jr, são abordados o contexto social e político dos EUA entre as décadas de 1940 e 1960, com destaque para as relações entre a antropologia e a Guerra Fria; o debate sobre desenvolvimento econômico nas agências internacionais e na pesquisa em ciências sociais travados nessa época; as discussões acerca das características do trabalho etnográfico que se fazia no período e o contexto histórico, social e político em torno das favelas e da questão habitacional no Rio de Janeiro. A dissertação busca entender as influências teórica e metodológica vindas desde o período da graduação até o doutoramento de Anthony Leeds na Universidade de Columbia, no qual se verifica a importância da perspectiva neoevolucionista, além de outras tradições presentes em sua formação. Após abordar os trabalhos realizados pelo antropólogo em agências internacionais, bem como sua atuação em instituições de pesquisa e ensino no Brasil, a dissertação enfatiza o caráter dialógico de sua etnografia através da análise das notas de campo registradas pelo antropólogo na favela do Jacarezinho.
Em sua maior parte, este anuário contém uma compilação de dados ao município de Juiz de Fora para o ano de 1998. No entanto, para efeito comparativo, inclui também alguns dados referentes a períodos anteriores - especialmente o ano de 1997 - e a outras regiões geográficas - notadamente a Zona da Mata. O trabalho está estruturado tematicamente nas seguintes seções: História e Geografia, Economia, Infraestrutura e Indicadores Sociais. Ao todo apresenta cerca de 250 tabelas, quadros, itens e gráficos, contendo dados originalmente coletados de 100 fontes distintas, incluindo órgãos públicos das várias instâncias governamentais, empresas privadas e associações de diversos tipos.