Nos últimos anos, é nítido o aumento da participação de evangélicos na política brasileira, fato que deve ser compreendido como um processo natural e desejável em uma democracia. Contudo, essa adesão de religiosos à política institucional é marcada por uma posição reacionária que, por muitas vezes, choca-se com o princípio de laicidade do Estado brasileiro.
Diferente do fundamentalismo clássico vivido por alguns protestantes no século XIX, que se fechava em si diante das transformações sociais e do pluralismo de ideias, o processo de desprivatização da religião descrito por José Casanova, ou de retorno ao sagrado apresentado por Peter Berger, favoreceu o desenvolvimento do neofundamentalismo. Este busca, por meio das instituições políticas, lançar suas pautas em defesa dos valores tradicionais e judaico-cristãos, além de combater ações do governo que se chocam com a fé cristã.
Esse fenômeno, já apresentado por Ivo Pedro Oro e Magali Cunha, destaca-se durante os governos petistas, principalmente durante o mandato da presidente Dilma Rousseff. Portanto, pesquisar sobre a relação entre religião e política no Brasil dos últimos anos é fundamental para compreender as novas formas de atuação política e os possíveis novos conflitos que possam surgir.
Esse estudo, além do marco teórico sobre conservadorismo, fundamentalismo e seus desdobramentos considerados neos, apresenta dados sobre as ações da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso entre os anos de 2015 e 2018, bem como os posicionamentos dos líderes evangélicos na mídia em defesa das pautas conservadoras. Além disso, contém os resultados de uma pesquisa desenvolvida por três anos consecutivos (2016, 2017 e 2018) nas ruas de São Paulo, com o objetivo de mensurar se as ideias neofundamentalistas são assimiladas por parte dos fiéis e verificar o índice de representatividade das lideranças estudadas.